29.12.06

Argumentação falaciosa


Na rotunda que contorno todos os dias a caminho do emprego deparo com primeiro outdoor da campanha para o referendo. Dois homens de blusão e óculos escuros conduzem pelo braço uma mulher que tapa a cabeça e os ombros com um casaco. Um enorme Sim e a frase “para acabar com a humilhação” concluem a mensagem.
O Bloco de Esquerda assegura deste modo que a eventual vitória do Sim terminará, em definitivo, com ida a tribunal e a vexação das mulheres que optam pelo aborto.Claro que a mensagem não é verdadeira. A proposta de alteração em referendo continua a prever a criminalização dos que provoquem o aborto após as dez semanas de gestação.
Por isso continuarão a ser levadas mulheres a tribunal e homens de óculos escuros tornarão a usar casacos para lhes garantir o anonimato. Os julgamentos serão menos, provavelmente. Mas, com a nova proposta de lei, a cena em causa tem repetição regular garantida.
posted by David Bengelsdorff in RAZÕES DO NÃO

28.12.06

"Bom Natal!"


Que bom ouvir as pessoas dizerem umas às outras: "Bom Natal!" Que bom ver o olhar dessas mesmas pessoas ao dizerem estas palavras: parece que, neste dia, toda a gente sorri mais e melhor!

Internada há um mês, a D. Rosa está numa situação terminal. A definhar de dia para dia; os olhos começam a estar baços; os braços parecem umas linhas, de só pele e osso serem constituídos. Não tem forças. Não se mexe. Pede-me sempre para lhe ir levar a força da Comunhão.
Hoje, antes do almoço, fui ter com ela. Levar-lhe a Força. Rezámos.
No fim desejo-lhe um "Bom Natal!". E espero que ela não tenha visto o meu rosto. É verdade que sorri. Mas também chorei. O que é que ela teria entendido com o meu "Bom Natal!"? E o que é que eu teria querido dizer com o meu "Bom Natal"?
Mas de todo o coração lhe desejo mesmo "Bom Natal!"


Uma Enfermeira, dum outro serviço, pediu-me para ir junto da D. Cristina. "Sabe? Ela está muito triste por estar internada neste dia de Natal."
Dirigi-me a ela: chorava; com um choro sentido. É que só tem o marido; e ele, hoje, não a pode vir visitar. Mas compreende que ele não possa cá vir: como não tem transporte próprio, tem de estar sujeito a favores. E hoje é um dia em que as pessoas não estão disponíveis.
Ela ainda não se alimenta (desde 2ª feira passada): a intervenção cirúrgica a que foi submetida, não lho permite.
Conversámos um pouco. E, depois, disse: "Foi tão bom ter vindo junto a mim! Assim, também hoje, para mim, foi Natal!"

Também o sr. António não se pode alimentar. A sua boca é toda ela uma ferida. Mas estava todo contente porque, neste dia de Natal, se tinha lembrado do seu pároco. E diz: "Olhe, ele é a bondade em pessoa. Eu até já lhe disse que, se ele continuar a ser assim tão bom, não vai longe. Quando estou com ele, tenho uma vontade enorme de o abraçar. Homens com um coração assim, já não existem!"


No blog: Migalhas também são pão

24.12.06

Histórias de Natal em 2006


Natal


Na pequena cidade de Westchester, a poucos quilómetros a norte de Manhattan (EUA), onde a comunidade judaica é considerável, existia há uma semana no parque da cidade uma enorme árvore de Natal, decorada a preceito: luzes, fitas, bolas e estrelas. Ao lado da árvore, a comunidade judaica colocou um candelabro judeu (Menorá). Recorde-se que por esta altura, os judeus celebram o Hanukkah.

Um dos habitantes da cidade, Henry Ritell, católico, empresário, propôs aos responsáveis da cidade a doação de um Presépio gigante para colocar ao lado da árvore de Natal e do Menorá, porque considerou que a árvore de Natal não representava o cristianismo da mesma forma que o Menorá representa o judaísmo. Ritell argumentou que árvore de Natal é um símbolo cultural associado ao consumo e ao materialismo, e não um símbolo religioso.

Em vez de aceitar a oferta do Sr. Ritell, os altos dignitários da cidade recusaram a oferta alegando que “não queriam símbolos religiosos no parque da cidade”, o que levou o Sr. Ritell a procurar o arbítrio da Justiça. Na sua decisão, o juiz referiu que o Menorá é, indiscutivelmente, um símbolo religioso judaico, e referiu-se à árvore de Natal como “uma árvore decorada com luzes e outros ornamentos, sendo um símbolo secular de dias festivos”.Em resultado da decisão do juiz, os dirigentes da cidade decidiram que o Presépio oferecido pelo Sr. Ritell não seria, de modo nenhum, colocado ao lado da árvore de Natal e do Menorá. Por isso, decidiriam retirar todas as decorações do parque – Menorá incluído.

No aeroporto de Seattle, existiam há duas semanas nove árvores de Natal (atenção: não se trata de presépios) espalhadas pelas salas do aeroporto. Um rabi judeu ofereceu um Menorá ao aeroporto, para que fosse colocado ao lado de uma das árvores de Natal, e a administração do aeroporto resolveu retirar todas as árvores de Natal. Mais uma vez, se confundiu um símbolo cultural secular com um símbolo religioso (árvore de Natal com o Menorá), ou, à semelhança da história anterior, imperou a intolerância, desta feita contra outro símbolo religioso (o Menorá).

Estas
histórias verdadeiras passam-se hoje um pouco por todo o lado no mundo de raiz cristã. Os cristãos são muitas vezes acusados de “intolerância”, mas quantos presépios de vêem hoje em sítios públicos? Raros. A intolerância vem dos que consideram a árvore de Natal o único símbolo das “festas”, tudo fazendo para que as raízes do Natal sejam erradicadas da memória colectiva do povo.
Desde miúdo que me habituei a ver uma árvore de Natal em casa, com o presépio na sua base. Não me importaria que colocassem ao lado do Presépio um Menorá, em memória do Hanukkah. Já me desagradaria que me dissessem que a árvore de Natal é um símbolo do aniversário de Jesus Cristo, ou pior, me dissessem que o Natal se resume a gastar dinheiro em prendas no Shopping Center decorado com muitas árvores de Natal.

No blog: Letras com garfos

23.12.06

Presentes


Carta ao Menino Jesus

Meu querido Menino Jesus,

Quando era puto, ensinaram-me que és tu que trazes os presentes na noite de Natal. Depois apareceu esse velhote de barbas brancas vestido à Benfica – que mau gosto! – a distribuir as prendas. Não tenho nada contra ele, mas o pai-natal é cada um de nós, porque «é Natal quando cada um quiser».

O Natal é o teu dia de anos! Às vezes esquecemo-nos disso… Tem piada: fazes anos e dás os presentes. És bué fixe. Por isso é que resolvi escrever-te alguns pedidos.

Antes de mais, quero que abençoes a pessoa que está a ler esta carta. Sabes? Gosto muito dela. Enche-a da tua paz e deixa-lhe um 2007 cheio de bondade!

Depois, peço a tua bênção para as crianças do Mundo. O Evangelho conta que nasceste fora da cidade, entre os excluídos, e que foste refugiado no Egipto para escapar à violência invejosa de Herodes. Há milhões de menores traficados, escravizados, forçados a pegar em armas ou a entrar na prostituição. Nunca vão ser meninos! Cuida deles de uma forma especial. Sobretudo das crianças do Darfur, da Palestina, do Iraque que (sobre)vivem e crescem no meio da violência e da morte.

Recorda-te também das pessoas do Sul do Sudão. Andam ocupadas a reconstruir as vidas depois de 20 anos de guerra. Muitas sentem-se frustradas. Que ultrapassem o ódio e os desejos de vingança! E que os dirigentes usem os recursos humanos, económicos, naturais, sociais e culturais para o bem comum. Sabes? Aqui dizem que a sigla GoSS – Governo do Sul do Sudão em inglês – também quer dizer Government of Serf Service, Governo de Auto Abastecimento!

Abençoa a equipa que está a iniciar a Rede Católica de Rádio do Sudão. Ser boa notícia neste contexto é um desafio enorme. Dá-nos audácia e coragem. E um forte sentido de equipa.

Com a tua ajuda, que os vizinhos descubram que os amas através das missionárias e dos missionários que vivem no espaço chamado Comboni House.

Para mim, já me deste tanto que até tenho vergonha de te pedir mais. Deste-me esta vida linda, a minha família, os amigos, a família comboniana… Faz que me sinta feliz no calor e no pó desta cidade em ebulição. É pedir muito?

Ah! Não te preocupes. A minha casa não tem chaminé e eu não uso sapatos. Só sandálias! Por isso, deixa os presentes no corredor à porta do meu quarto!Um xi-coração do teu mano Zé

Zé vieira, no Sudão

22.12.06

Vale a pena ver e meditar


Hoje deixo aqui estes dois PPSs que fazem pensar.
Foram extraídos do blog: Horizontes de fé


No ventre materno
Teste de gravidez

20.12.06

Não tenhas medo



Dei-me conta no outro dia que esta é uma das frases

mais repetidas por Deus na Bíblia, quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento. E é curioso que mudam as personagens, mas o estilo é mais ou menos o mesmo. Esta frase aparece antes da argumentação, antes do pedido e antes da resposta. É quase como o modo divino de dizer: Olá!Para mim, isto significa muito. Que quando Deus fala, pede coisas que parecem à partida difíceis. E vem já com intenção de as propor. Não quer deixar de ser criador e eu criatura criativa. E mais... que já sabe que eu vou ter medo com o que vai pedir... às vezes somos mesmo preguiçosos por dentro. E o que é mais extraordinário, é que ninguém lhe disse que não, e normalmente a explicação do pedido não é muito descansativa.Talvez o sim seja a confiança, e depois um enorme agradecimento por se saber confiado. É impossível resistir a quem ama... Deus deve ser algo mesmo fascinante! =)

No blog: Cidade de Deus

19.12.06

Sem Deus apenas existe a selva


Sem Deus apenas existe a selva

Ainda sobre o post do Lutz que linco aqui.Ele conclui: "Por muito que o se nega, se a objecção à despenalização do aborto tem uma fundamentação, ela é religiosa".O mesmo se pode dizer sobre a defesa absoluta e em todas as circunstâncias das políticas de solidariedade social.Os limites (quaisquer limites que não sejam simplesmente físicos) aos comportamentos humanos apenas podem ter duas fundamentações: a conveniência utilitária (em que os limites são apenas circunstanciais e oportunísticos em função do simples prazer do "eu") ou metafísica. Como dizia já não sei quem (salvo erro, Nietzsche), se Deus não existe tudo é permitido.Como dizia Hugo Chavez num comício (num videoclip que o Blasfémias publicou e que agora não consigo encontrar), "o povo é o máximo poder do país, depois de Deus".


No blog: Timshel

18.12.06

Partilhar o pão


Quem se aproximar das ruas da Praça da Figueira até ao próximo dia 17 de Dezembro, facilmente vai sentir o cheiro a pão quente. Música, dança, muita animação e claro está, pão para todos é a promessa da Associação Cais, que pelo 3º ano consecutivo realiza o “Pão de Todos”.


Henrique Pinto, director da Cais, afirma que pretendem inverter a mentalidade dos portugueses e “levá-los ao encontro da gratuidade, mostrando assim uma forma de se ser fraterno”. O gesto de solidariedade mostra o orgulho da obra feita este ano, quer em Portugal quer no estrangeiro e ao mesmo tempo “queremos provocar as pessoas a mudarem a sua forma de estar internamente, pois só mudando a forma interna se pode mudar as estruturas externas”, sublinha o director da Cais. Ler o resto da noticia
aqui.

Aqui há algo de eucarístico. De uma Eucaristia viva.Só para dizer que achei esta iniciativa fantástica. Aliás, como quase todas as iniciativas promovidas ao longo do ano por esta Associação que trabalha para e com os sem abrigo.
No blog: Na sacristia

16.12.06

Os Papas são muito inteligentes!


Tem 83 anos, um prémio nacional de Narrativa e acabou de publicar um novo livro. Chama-se Ramiro Pinilla e a única coisa sua que li foi uma entrevista publicada há duas semanas na revista Magazine, do El Mundo.

Com a experiência de toda uma vida, dizia a certa altura:
"Estoy convencido de que la mayoria de los papas han sido ateos, tienen que serlo, porque no concibo cómo gente tan inteligente puede creer en Dios."

Bom, se ter fé se resume a uma questão de falta de inteligência, então... - Meu Deus, devo ser pelo menos um bocado estúpido!

Nota: Nos Exercícios Espirituais, Sto. Inácio propõe que peçamos o Conhecimento Interno de Jesus. A inteligência ajuda ao Conhecimento (também de Deus) mas chegar ao "Conhecimento Interno" implica um salto de relação, confiança, abandono, que vai muito além de brilhantes deduções lógicas ou teoremas Matemáticos (seja isso o que for).

No blog: Pareciam borrachos

14.12.06

Uma viagem de risco, um acto de coragem




1. A visita do Santo Padre à Turquia confirmou, acima de tudo, a sua índole, o seu carácter. Bento XVI é um homem humilde, um pastor magnânimo, um verdadeiro Papa da Paz e da Reconciliação.


Era uma viagem de risco. Sê-lo-ia em qualquer circunstância, mas tornou-se ainda mais arriscada dadas as repercussões que o seu discurso em Ratisbona obteve.


Mostrou coragem em manter o programa. E revelou serenidade nas palavras e nas atitudes.


Os comentários incidiram, preferencialmente, sobre questões políticas e sobre a segurança.


É uma perspectiva legítima, mas desfoca o mais importante e desvia-nos do central. Como disse Sua Santidade à chegada, a sua peregrinação foi (como não podia deixar de ser) pastoral, apostólica. Inscreve-se, portanto, no âmbito da sua missão.


Como é óbvio, a missão do Sucessor de Pedro tem incidência na vida da polis. A mensagem de Jesus Cristo dirige-se à vida concreta das pessoas. Não paira no vácuo nem flutua na indefinição.


Não está, evidentemente, em causa o princípio da separação entre a Igreja e o Estado. Só que esta separação não pode existir entre a fé e a vida: a fé está implicada na vida e a vida está implicada na fé.



2. A Turquia é um território onde o cristianismo já teve uma implantação considerável. Foi, por exemplo, na cidade de Antioquia que os discípulos de Jesus receberam, pela primeira vez, o nome de cristãos (cf. Act 11, 26).


Hoje, a presença cristã é praticamente residual. A religião predominante é o Islão. Nem sempre tem sido fácil a convivência.


Na Turquia figura também um dos locais associados ao grande cisma de 1054, que ainda não foi superado. De resto, o convite para esta visita papal partiu do Patriarca Ortodoxo, Bartolomeu.


Bento XVI revelou boa vontade nos dias em que por lá permaneceu. Apelou continuamente ao diálogo, à paz e à harmonia. Exibiu um enorme respeito pelos seguidores de outros credos.



3. Sendo assim, porquê toda a animosidade que se pressente em determinados sectores ante a figura do Santo Padre?


Se pensarmos um pouco, facilmente nos aperceberemos de um aspecto que não deixará de nos interpelar.


O actual Sumo Pontífice continua a ser tão conhecido pelo seu nome de baptismo como pelo seu nome papal. Joseph Ratzinger tornou-se alguém demasiado conhecido e, nessa medida, discutido também.


O seu pensamento é constantemente dissecado e a sua pessoa é continuamente analisada e, não raramente, contestada.


Acontece que tal conhecimento não é tão profundo e documentado quanto seria de esperar. Criaram um rótulo acerca do então Cardeal Ratzinger e não faltou quem arquitectasse uma imagem que pouco (ou nada) tem a ver com o original, o autêntico.


É claro que é um trunfo dispor de alguém como Joseph Ratzinger. Trata-se de uma mais-valia de enorme dimensão e imenso alcance. A sua inteligência, a sua segurança e a sua clareza extasiam quem tem a possibilidade de o escutar, de o ler e de o acompanhar. Mas todos temos noção de que nem sempre isso é reconhecido ou apreciado.



4. É tempo, portanto, de nos habituarmos a lidar com este Homem como ele verdadeiramente se apresenta. E que corresponde ao que ele genuinamente é.


É tempo de aprendermos, com ele, a olhar para lá dos nossos preconceitos e das fronteiras das próprias instituições. Para Ratzinger, «uma Igreja que fale muito dela não fala do que deveria falar».


O interesse da Igreja «não reside nela mesma, mas no Evangelho. A sua missão é anunciar a Palavra de Deus em toda a sua pureza e celebrar rectamente o culto divino e os sacramentos. A Igreja existe para que Deus seja dado a conhecer, para que o Homem possa aprender a viver com Deus, ante o Seu olhar e em comunhão com Ele».


Neste sentido, o Concílio Vaticano II «quis, a todo o transe, subordinar e incluir o tema da Igreja no tema de Deus, quis elaborar uma eclesiologia teológica».


Daí que a crise da Igreja resulte apenas de um factor: «do abandono do essencial».


Bento XVI não se cansa de nos reencaminhar para ele.


No blog: Theosfera

13.12.06

proporcionalidade e precaução


A propósito de algumas
"perguntas assustadoras" do Lutz, comentei que, tendo em conta a actual situação (tanto de um ponto de vista legal como de um ponto de vista relativo aos meios contraceptivos existentes como de um ponto de vista de aplicação da lei - recorde-se que neste momento o aborto não é uma prioridade de política criminal, o que significa que ninguém será perseguido, e muito menos punido, por esse comportamento) não me parecia que existisse proporcionalidade numa resposta positiva à questão a ser submetida ao referendo do aborto.

As tais questões assustadoras (o que vale uma vida dum embrião de dez semanas? o que vale uma vida dum embrião de catorze semanas? o que vale uma vida dum feto com oito meses? o que vale uma vida dum recém-nascido que ainda não desenvolveu um conceito do “eu”? o que vale a vida dum deficiente profundo? o que vale uma vida duma pessoa em coma?) e os riscos a elas associados que despertam com uma resposta afirmativa à questão a ser submetida ao referendo do aborto não são proporcionais à realidade actual em que ninguém é perseguido ou punido por abortar.Mas não é só o princípio da proporcionalidade que conduz à minha oposição à consagração no sistema jurídico da legalização do aborto.


É também um outro princípio cada vez mais interveniente no momento de decisão legislativa: o princípio da precaução. Quando há fortes indícios de que algo pode ser nocivo (neste caso pela violação manifesta do carácter sagrado da vida humana, francamente desproporcional relativamente ao fim em vista, o de minorar um determinado grau de sofrimento físico e psíquico de alguns seres humanos em situações específicas) e em caso de incerteza científica devem-se tomar as medidas necessárias para evitar males irreversíveis. Esta espécie de "princípio do bom senso" é sobretudo aplicado relativamente a medidas adoptadas em contextos humanos ou de novas tecnologias. No ambiente, por exemplo, pois o ambiente é o caso típico de um sistema complexo em que as consequências de certo tipo de acções são frequentemente imprevisíveis. Um sistema ainda mais complexo do que o ambiente é o homem. Se existe sistema complexo em que o princípio da precaução deve ser aplicado de modo rigoroso é precisamente no que diz respeito à sociedade.


No blog: Timshel

11.12.06

Comentário à TV



Até quando vamos ter de pagar para termos Tv de qualidade?



Estava eu a ver TV (sic) domingo à tarde e num dos muitos intervalos publicitam uma notícia que iria ser falada durante o noticiário, provavelmente pela relevância da notícia... A dança do varão... Mais me pareceu uma sessão de como trabalhar num bar de alterne do que uma notícia de relevo nacional, mas penso que eu devo estar enganado, pois algum tempo atrás na TVI já tinham dado destaque à mesma informação em horário nobre da informação nacional...

Parem de gozar connosco!

E que dizer da publicidade onde porque o pai não pôs TV Cabo a família "sai de casa"?! Que valores são esses? O filho "baza " porque o pai não põe TV cabo?!...

Já para não falar dos heróis Big Brother " O Big Mário" que hoje está a braços com a justiça... São esses os heróis de hoje desgraçados de amanhã.

Qualidade na TV exige-se!

No blog PDIVULG

9.12.06

Uma lição de vida


Tony Melendez

Vale a pena ver este vídeo.

Vai
até aqui e não desanimes perante problemas menores do que a ausência de mãos deste jovem.

8.12.06

Imaculada Conceição




“Hossana, hossana, Rainha de Portugal.
Hossana, Hossana Virgem Maria.”


"Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser-lhe mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.

Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.

O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe
E foi a mãe que deu o ser ao filho;

Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho
Ou se dirá Imaculada a mãe.”

Conta-se que o Papa Pio IX chorou, ao ler esse soneto que contém um profundíssimo argumento de razão em favor da Imaculada. Conceição.
Nossa Senhora foi a restauradora da ordem perdida por meio de Eva. Eva trouxe-nos a morte, Maria dá-nos a vida. O que Eva perdeu por orgulho, Nossa Senhora ganhou por humildade.
O Dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo Papa Pio IX, na presença de 53 cardeais, de 43 arcebispos, de 100 bispos e mais de 50.000 peregrinos vindos de todo o mundo, no dia 8 de Dezembro de 1854.
Passados apenas 3 anos dessa solene proclamação, a 11 de Agosto de 1858, Nossa Senhora dignou-se aparecer quinze vezes, perto da pequena cidade de Lourdes, na França, a uma pobre menina, de 13 anos de idade, chamada Bernardete.
No dia 25 de Março, Bernardete suplicou que Nossa Senhora lhe revelasse seu nome. Após três pedidos seguidos, Nossa Senhora respondeu-lhe eu sou a Imaculada Conceição".

Imaculada Conceição de Maria significa que a Virgem Maria foi preservada do pecado original desde o primeiro instante da sua existência. Nascendo, há dois mil anos atrás, na Palestina, Nossa Senhora teve como pais São Joaquim e Santa Ana. Ela foi concebida sem a mancha do pecado original.
A maternidade divina de Maria é base e origem da sua imaculada conceição. A razão de Maria ser preservada do pecado original reside na sua vocação: ser Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus que assumiu a nossa natureza humana.

A 8 de Dezembro de 1854, Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição de Maria. Assim se expressou o Papa:
Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus omnipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente querida por todos os fiéis.

No blog: Jogo de palavras

7.12.06

Não, obrigado!


Alguns movimentos e apoiantes do Não no referendo de 11 de Fevereiro criaram a Plataforma
Não Obrigada, que pretende esclarecer o que verdadeiramente está em jogo...

Na página de entrada do site da Plataforma apresentam-se algumas questões de uma sondagem levada a cabo pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica Portuguesa, revelando que, quando as questões são colocadas em perspectivas diferentes, emergem as contradições dos partidários do Sim.

Particular relevo merecem os dados que sugerem que o aborto não é a solução preferida pelas mulheres: isto torna claro que há temas relacionados com a saúde feminina bem mais pertinentes que o aborto. Por outras palavras: é evidente que estamos a ter o debate errado porque o que a maioria das mulheres pretende não é aborto livre e gratuito a pedido; pretende condições para criar os filhos...
Onde está o progresso quando a alternativa à pobreza ou à deficiência é a eliminação dos mais pobres e dos mais fracos?

No blog: Catacumbas

6.12.06

Testemunhos vivos


Que a minha filha o não saiba!

De há uns dias para cá têm-me chegado vários testemunhos de pessoas que contam a sua amargura por terem feito o aborto. E dizem que o fazem para evitar que outras caiam no mesmo erro.

Refiro apenas um dos casos que mais me impressionou.

"Já tinha dois filhos. O meu marido não aceitava que eu tivesse outra criança. A vida estava difícil e era quase impossível criar mais outra. Resisti mas acabei por ser convencida a procurar uma abortadeira que me fez algumas perguntas e depois me examinou. Disse-me que a gravidez estava muita adiantada e assim era arriscado praticar o aborto. Fui para casa banhada em lágrimas" – escreve esta mãe.

E continua contando que teve uma menina. Os anos passaram e esta sua filha tem hoje 13 anos.

"Quando olho para ela, sinto sempre um misto de alegria e amargura. Eu fiz tudo para que ela não vivesse. Se ela o soubesse iria odiar-me. O que mais temo é que ela um dia o venha mesmo a saber."Lembrou-me esta confidência o caso de Franco Zeffirélli, cineasta de renome mundial, que realizou vários filmes, entre os quais "Jesus de Nazaré" e o "Campeão".

Ele próprio conta :

"Sei bem o que significa nascer contra a vontade dos outros, pois sou filho ilegítimo".Era realmente fruto de um duplo adultério: o pai, Ottorino Córsi, comerciante de seda, era casado; sua mãe, Adelaide Garósi, modista da alta sociedade florentina, casada era também."O meu nascimento foi um escândalo. A minha mãe, que era modista, perdeu toda a clientela da mais fina sociedade de Florença. Desde o primeiro momento teve que vencer mil obstáculos para que eu nascesse. Até a sua mãe (minha avó) queria que ela abortasse. Diziam que eu estaria condenado à rejeição social. Contudo, ela negou-se redondamente a abortar... Sou uma espécie de aborto fracassado; por isso aprecio mais o milagre da vida".

"Hoje falo destas coisas como se se tratasse doutra pessoa. Passar a infância em meio de situações irregulares, mas sempre ao afago do amor, isso é que teve influência em mim".

Zeffirélli passou grande parte da infância no "Abrigo dos Inocentes" de Florença, onde se recolhiam as crianças abandonadas.


No blog: Ver para crer

5.12.06

Morte ou vida... Será a escolha difícil?


O que recomendarias ou pensas que se deve fazer perante os seguintes cinco casos de gravidez?


1. O pai é asmático, a mãe está tuberculosa. Têm quatro filhos. O primeiro é cego, o segundo é surdo, o terceiro morreu e o quarto tem tuberculose. A mãe está grávida de novo.
Recomendarias o aborto nesta situação?
2. Um homem branco viola uma menina negra de 13 anos e esta ficou grávida. Se fosses o pai desta jovem. Recomendavas-lhe o aborto?
3. Uma senhora está grávida; já tem muitos filhos, dois deles morreram, o seu esposo está na guerra e a ela resta-lhe pouco tempo de vida. Recomendarias o aborto a esta senhora?
4. Um pastor e a sua esposa enfrentam problemas económicos muito fortes, já têm 14 filhos, são realmente pobres. Considerando a sua extrema indigência. Recomendarias à esposa que abortasse o seu décimo quinto filho?
5. Uma jovem está grávida; não está casada e o seu noivo não é o pai do bebé.
Recomendarias que abortasse?

Conclusões: Se respondeste que (SIM) em alguma das situações anteriores, lê o seguinte:

No primeiro caso se assim procedesses, terias morto Beethoven.
No segundo caso terias assasinado uma das cantoras negras mais famosas: Ethel Walters
No terceiro caso, João Paulo II não teria chegado a nascer.
No quarto caso: John Wesley, um dos grandes pregadores do sec. XIX não teria chegado a ver a luz do dia.
Por último, no quinto caso acabarias de "matar" JESUS CRISTO.

Talvez valha a pena pensar nisto!

No blog: Destino século XXI

4.12.06

Pesquisar na Bíblia


Biiible

Sexta-feira é dia das propostas e hoje venho com algo que até a mim me surpreendeu.
Estava eu nas minhas deambulações na net quando decidi pesquisar coisas sobre a Igreja e não é o meu espanto quando encontro o Biiible. Perguntão vocês o que será isso do Biiible?
Pois é meus caros, quantas vezes queremos procurar algo na Bíblia e não encontramos porque ainda não a conhecemos a fundo? Algumas de facto e é aqui que entra o Biiible.
O Biiible é um motor de pesquisa na internet à semelhança do google, só que o google pesquisa pela internet enquanto que o Biiible pesquisa na Bíblia. É verdade um motor de busca para a Bíblia meus caros, por isso, quando tiverem perdidos podem dar aqui um salto que talvez vos possa ajudar. O único contra para alguns é que é em inglês, mas também não faz mal nenhum para alguns praticar esta linguagem.

Deixo-vos então o link aqui -> Biiible

No blog:
Fé e Missão

2.12.06

Religião privada?


"A religião é uma vivência privada", dizem por aí. "Não é nada!", digo eu. Quem afirma tal coisa é porque não percebe patavina do que significa ter fé. "Estar ligado" ao transcendente, ser "religioso", implica um inevitável dinamismo de anúncio e de metamorfose. Não há religião sem transformação.
Pedir a um cristão que viva a sua fé em privado é pedir-lhe que renuncie a ela. Não se trata de espetar com os cultos e com a tralha alegórica na cara dos outros; isso é vaidade farisaica. Mas o essencial do cristianismo é acção transformadora. Pode alimentar-se, crescer e vivificar-se privadamente, mas tem natureza comunitária e vocação interventiva.

No blog: No adro

1.12.06

Carroça vazia...


Em homenagem à minha "prima" e AMIGA Célia Tereso, publico esta história, que ela partilhou comigo. Obrigado Célia… Um beijinho para ti.

Certa manhã, o meu pai, homem muito sábio, convidou-me a dar um passeio pelo bosque, eu aceitei com prazer.
O meu pai deteve-se numa clareira e depois de um pequeno silêncio perguntou-me:
Além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos durante alguns segundos e respondi:
Oiço um barulho, parece ser de carroça...
Isso mesmo! disse o meu pai, é uma carroça vazia.
Uma carroça vazia? Perguntei ao meu pai:
Como é que sabes que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
O meu pai respondeu-me. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, pelo barulho.
Quanto mais vazia a carroça está mais barulho faz.
Cresci, e até hoje, quando vejo uma pessoa a falar demais, a gritar, no sentido de intimidar, a tratar os outros com arrogância, a ser prepotente, interrompendo constantemente as conversas, querendo demonstrar que é dono da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir novamente a voz do meu pai a dizer-me: “Quanto mais vazia a carroça está, mais barulho ela faz…”
Hoje vale a pena pensar nisto…

No blog: Padre Carlos

30.11.06

Novamente um código de barras...


Acompanhei, faz algum tempo, uma pessoa muito amiga quando esta foi fazer a sua matrícula na Universidade…
Papeis sem fim… número de bilhete de identidade e de contribuinte colocado vezes sem conta… a burocracia habitual!
No final de tudo um último papel que é preciso assinar… achei tão interessante aquele papel… Era uma folha de tamanho A4, normalíssima, cheia de códigos de barras e no final de tudo pedia-se uma assinatura.

Cada vez mais somos um número… um código… e não pessoas com subjectividade, autonomia, dificuldades, sonhos…anseios!

Já tinha abordado este assunto... parece simples mas acho-o muito simbólico!

"Um simples código de barras...
Fui com "um dos meus meninos" às urgências de um centro de saúde e, apesar das contingências, posso dizer que fomos bem atendidos e muito bem tratados.Havia bastante tempo que não recorria a estes serviços e por isso surpreendeu-me uma novidade! Agora colocam no pulso dos doentes, depois do rastreio inicial, uma pulseira autocolante com um código de barras.Podem dizer me que utilizam este procedimento como forma de organização e podem até argumentar com uma maior eficácia, rapidez e qualidade no serviço prestado... No entanto, por limitação minha de certo, não consigo deixar de pensar na desumanização das pessoas... Cada vez mais somos um número e não uma pessoa. Qualquer dia implantam-nos um chip e deixamos de ter nome e subjectividade... Seremos um registo informático… um simples código de barras! "


No blog: Padre To Carlos

28.11.06

Banco de crianças


Divulgo aqui umas palavras do Bispo de Viseu, onde se salienta a importância da vida, onde destaco a acção que o governo deve de exercer em apoio e defesa das famílias, e não à destruição ou marginalizarão...

A proposta de referendo prevê que a interrupção deste processo, causando a morte de um ser humano, possa ser a pedido da mulher. Pergunta-se: pode a mulher decidir do seu corpo? Sim, pode. A mulher pode sempre decidir do seu corpo, pela autonomia a que tem direito, para se realizar bem e para se valorizar, como pessoa, na totalidade do seu ‘ser corpo’ e do seu ‘ser pessoa’… Porém, na mulher grávida, existe um outro corpo: autónomo também e independente do seu corpo de mulher. O pai e a mãe são os garantes da vida deste corpo sobre o qual têm “responsabilidade”, mais do que “poder”. As decisões sobre este corpo têm que ser sempre éticas, baseadas nos valores e não na violência e na destruição…

Mas, quem concorda que a mulher seja penalizada? Ninguém quer penalizar a mulher e o Estado deve tornar-se a garantia da realização da mulher e da criança – 2 seres humanos perante os quais o Estado deve intervir em defesa da sua vida e do seu futuro. Porquê não criar condições – tornadas legítimas, conhecidas e apoiadas – para que a mulher que não queira a criança, a entregue e a doe para adopção? Porquê não criar condições para um “banco” de crianças (em vez de outros “bancos” muito mais dispendiosos – de esperma e de embriões), com as inscrições de mães (pais) que as entreguem e pais que as aceitem para adopção? Não seria este um investimento do Estado, no futuro da sociedade e no respeito igual para todos os cidadãos? Ou será a liberalização das leis eliminadoras da vida, a alternativa que o Estado tem para as violências sobre os cidadãos inocentes do nosso país?

Votar SIM no referendo é aceitar esta alternativa como a única; votar NÃO é exigir do Estado e de todos os cidadãos, a defesa justa e a protecção necessária para todos, a começar pelos mais frágeis e pelos mais inocentes.



No blog: Pdivulg

27.11.06

A falta de vocações


Recentemente em conversa com um amigo em Fátima, falávamos sobre a falta de vocações para o Sacerdócio.
Ontem numa reunião da Comunidade Luz e Vida, a que pertenço, que foi precedida da Eucaristia Dominical, na Igreja Paroquial de Albergaria dos Doze, presidida pelo Senhor D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, que instituiu o Marcelo, (seminarista pertencente à nossa Comunidade), no Ministério de Acólito, (será ordenado Presbitero, se Deus quiser, no final do próximo ano), falou-se novamente do tema das vocações e assim veio à minha memória essa conversa tida em Fátima.
Dizia-me esse meu amigo, que conversando há uns anos com o Padre Emiliano Tardiff, (já falecido), quando ele esteve em Portugal, sobre o assunto das vocações, ele lhe disse surpreendemente o seguinte:
- Diz o meu amigo que é necessário pedir ao Espírito Santo que desperte mais vocações sacerdotais para a Igreja, mas quem lhe diz que não é vontade do Espírito Santo esta "crise" de vocações.
E depois explicou o seu pensamento:
- Sabe nós os Padres, somos muitas vezes "centralizadores", e não deixamos espaço aos leigos.
Assim se houver falta de Sacerdotes, os leigos terão de ser chamados aos Ministérios que eles podem exercer, e também a uma muito maior participação na Igreja, em tantos campos onde é importante a sua participação, o que só pode ser muito bom para a própria Igreja.
Claro que as palavras não terão sido rigorosamente estas, mas este era o sentido do seu pensamento.
Ao referir esta conversa, a um Sacerdote que estava connosco nessa reunião, ele disse-me o seguinte:
- Sabe, na Polónia estão a atravessar uma "crise" ao contrário, ou seja, há tantos Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, que são eles que tudo fazem: dão catequese e "ocupam", digamos assim, os "lugares" onde os leigos podem exercer a sua missão, o que acaba por provocar um certo distanciamento dos leigos em relação à Igreja.
Não serão também estas as palavras exactas, que esse Sacerdote me disse, mas a ideia era esta.

Isto deu-me que pensar, e a ti?

Com isto não quero dizer que vou deixar de rezar pelas vocações, continuarei a fazê-lo com toda a perseverança, mas chama-me também a empenhar-me mais na construção da Igreja, a oferecer-me mais, não só fisicamente, mas também intelectualmente, na evangelização de todos nós, a começar por mim.



No blog: Que é a verdade?

As raparigas não o vão largar!


Apesar de não ser esta a ideia inicial para este post, não resisto a contar um episódio engraçado que achei muito pertinente nos dias que correm.
Foi ontem, na Eucaristia. Costumo chegar um bocadinho antes da hora da missa e aproveito esse tempinho para reflectir e falar com Deus. Estava eu embrenhada nos meus pensamentos, quando a Dª Maria, que costuma ficar sempre comigo, me bate no braço. Era o padre que estava a chegar.



"- Oh menina, já viu, se deixam os padres casarem ficamos sem padre! Um borrachinho daqueles! Elas não o largam!"


Contive a muito custo uma gargalhada, não estava nada à espera daquele comentário vindo de uma septuagenária tão respeitável. E continuava:


"-Estive a ver aquela notícia na televisão, do Papa deixar os padres casarem, e lembrei-me logo do nosso padre. É que, ainda por cima, ele podia ser assim, mas ser antipático. Mas não é, é uma simpatia, sabe falar tão bem com as pessoas! As raparigas não o vão largar!"


Achei que devia tranquilizar a Dª Maria, e lá lhe disse que o fim do celibato ainda não era para agora, o Papa tinha apenas discutido isso, mas não havia nenhuma mudança de posição.


"- Por mim," - dizia a Dª Maria - "não me faz diferença nenhuma que se casem, eu só não quero perder o nosso padre, que é tão bom para nós!".


"- Não perde, Dª Maria, vai ver que não perde..."



Entretanto começou a chegar mais gente e a conversa ficou por ali...


É engraçado como a maioria das pessoas vê o fim do celibato como forma de ganhar mais vocações, e a Dª Maria pensa exactamente o contrário. Nunca tinha visto as coisas dessa perspectiva...


No blog: Ele está no meio de nós

25.11.06

Sem discriminações...




No blog: Exegeses e homilias

Corações aquecidos....


"A maldade aumentará de tal maneira que o amor de muitos arrefecerá"
Mateus 24:12


Começo a observar todo o frenesim próprio desta época.
A agitação começa a tomar conta dos corações.
Montras decoradas, luzes, prendas, compras, centros comerciais, correria!
Pode haver espaço para tudo isso.

Mas dentro de cada coração, pergunto: está o essencial?
Haverá espaço para o calor do fogo ardente de Deus?

A verdade é que muitas vezes procuramos preencher a vida com coisas que não nos irão trazer felicidade.
Ou pelo menos, será passageira.
E os corações tornam-se frios, distantes.
Porque o fogo que nunca se apaga, não encontra espaço dentro de nós.
Podemos ter boas lareiras ou aquecimentos, mobílias e casas lindas, bons carros, as últimas novidades em tecnologia, mesa farta.
Mas nada disso aquecerá um coração frio!

Coisas não substituem o vazio de Deus em nós.
Porque somente o fogo do Deus vivo pode aquecer verdadeiramente.
Numa viga de madeira, estava inscrito o seguinte:
"Se o teu coração estiver frio, o meu fogo não te poderá aquecer"
Assim é com tudo aquilo com que procuramos preencher ou aquecer os nossos corações.
Se eles estiverem sem o essencial, se estiverem frios, nada e nem ninguém os poderão aquecer.
Tudo será ilusão passageira.

Por vezes, o meu coração tem-se esfriado.
Caído na tendência humana de substituir Deus por coisas.
Mas porque ele é habitado pelo Deus vivo, Ele sempre me ajudou a aquecê-lo de novo.
Porque nunca me desamparou.
Não deixemos esfriar os nosso corações.

O fogo do Amor está aí... para aquecer o teu coração!


No blog: COISAS DE MIM

24.11.06

Como evitar um aborto?


Este post saído do draft suscitou comentários que me parecem dignos de nota. Tacci, do Portugal, Caramba!, comentou que a ideia de que a lei protege as mulheres do arbítrio dos que as obrigam ao aborto seria própria de um país ideal, no qual
o aborto era muito bem condenado. [...] Mas [...] para o bem e para o mal, vivemos aqui e agora.
Portugal é o que é.
Gosto demasiado das mulheres para não sentir com elas o trauma do aborto que elas próprias não sabem como evitar.
O Lourenço sabe?

De facto, eu não sei ao certo como evitar abortos em todas as situações, mas posso dar algumas pistas para muitas delas. Foi o que sugeriu Tomás, num outro comentário:
...os adeptos da vida são os que têm ajudado permanentemente a secar as lágrimas a tantas dessas pobres mulheres que se vêem a braços com o dilema do Aborto. (Poupo-vos ao nome dessas instituições que todos conhecem)
O erro de Tomás está na frase colocada entre parêntesis: infelizmente, poucas instituições que apoiam grávidas em risco são bem conhecidas. Tirando a Ajuda de Mãe e a Ajuda de Berço, é muito difícil para essas instituições a visibilidade que os media vão dando às plataformas pró-aborto que proliferam em vésperas de referendo.
Por isso, aqui fica a ligação para a lista de algumas dessas associações, disponível na página da Federação Portuguesa pela Vida.

No blog: CATACUMBAS

NUNCA É TARDE PARA APRENDER:


PERCEBER O PAPA COMO UM ALEMÃO MUITO ESPECIAL - UM CATÓLICO BÁVARO (UM PLEONASMO TÍPICO)


Há um ano nunca compraria este livro (de Jeanne Perego, A Baviera de Joseph Ratzinger), fosse qual fosse o seu mérito. Nunca tive muita curiosidade pelas biografias dos papas contemporâneos, antes de serem papas. Os trajectos dos papas italianos pareciam-me típicos da ascensão burocrática da institucional igreja, suporte do Vaticano.Quando eles deixaram de ser italianos, interessei-me mais, mas, como João Paulo II era polaco, uma mistura entre a história da Polónia e do Solidariedade pareciam-me chegar.

Como de costume, há aqui muita ignorância, mas a verdade é que também não havia curiosidade. Com Joseph Ratzinger as coisas são diferentes. O interesse que o papa me suscita é intelectual e cultural, não é religioso per se. Traduz um movimento, que penso ser mais vasto, de reflexão identitária sobre a Europa, sobre as raízes civilizacionais da nossa história do "Ocidente", como sinal da espécie de kulturkampf que simultâneamente o fundamentalismo muçulmano e o seu terrorismo apocalíptico, denso de atitudes culturais e civilizacionais, e o chamado "multiculturalismo" trouxeram aos nossos dias.

Ora, apercebemo-nos agora (de novo, a ignorância...), que o papa Bento XVI foi um dos intelectuais que com mais importância e influência pelo seu papel em muitos documentos da Igreja, tratou destas questões em termos teológicos, filosóficos, históricos e culturais. O papa é alemão, bávaro, e isso conta. O catolicismo bávaro, verdadeiramente católico-apostólico-romano não é igual aos outros catolicismos nacionais. É bem diferente do nosso tão proclamado catolicismo, mais popular do que burguês, anticlerical, inculto, mais fiel do que piedoso, mais temeroso do que crente, mais social do que cultural. Coisas da história e da geografia. É o que este livro nos mostra, a abrir com uma foto de Ratzinger cardeal com um copo de cerveja, na mais tímida e hierática postura imaginável, mas mesmo assim possível. E ao olhar o retrato dessas pequenas vilas e aldeias da fronteira com a Áustria, limpas, sólidas, prósperas, em que a torre da igreja é sempre a primeira coisa que se vê de longe, cheias de conventos, mosteiros, faculdades de teologia e seminários, percebe-se um comunitarismo piedoso, que nos é bastante alheio. Depois as fotografias dos Ratzinger, a casa, os dois irmãos padres para orgulho da família, tudo nos aponta para um catolicismo calmo e consolidado.

Muito da biografia de Ratzinger pode ser explicado pelo choque dessa placidez antiga, com o Mundo que encontrou lá fora, o mundo da laicidade agressiva da Europa feita por Napoleão, o mundo das perturbações de Maio de 68, tão importantes para a viragem conservadora do peritus progressista do Vaticano II.

No blog: Abrupto

23.11.06

Dignos ou não? Eis a questão...


Não tentes distinguir quem é digno ou não o é. Que todos os homens sejam dignos a teus olhos para os amar e servir. Que a misericórdia permaneça sempre na tua balança até sentires em ti a misericórdia que Deus tem para com o mundo. Quando é que o homem reconhece que o seu coração atingiu a pureza? De certo quando considerar todos os homens como bons sem que nenhum lhe pareça impuro e contaminado. Então na verdade ele é puro de coração. E então uma compaixão imensa e sem medida nasce no coração do homem tornando-o semelhante a Deus.

Jamais poderás conceber o amor sem uma necessidade, uma imperiosa necessidade de conformidade, de semelhança e sobretudo de partilha de todas as penas, de todas as dificuldades, de todas as durezas da vida. Jamais conseguirás compreender o amor sem a busca de semelhança e sem a necessidade de partilhar todas as cruzes.
Nunca te esqueças que o amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prémio. O amor não busca outro fruto fora de si, o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo, amo para amar.


No blog: Horizontes de fé

22.11.06

Uma Igreja em constantes cuidados paliativos!


Parece-me a mim que muitas das coisas que faço, muitas das cerimónias em que participo, alguns dos projectos que sou desafiado a participar são “cuidados paliativos” que tenho de prestar… Os últimos cuidados que se prestam antes de morrer!
Certas cerimónias, tão só produto da tradição, e até certos projectos… é aguentar até… acabar!

Preocupa-me bastante descobrir nas paróquias uma religião tão só de tradições e hábitos… apetece desligar a máquina e deixar mesmo morrer! Mas depois que fica? Que propomos em troca? Estarão as pessoas dispostas a trocar a religião do “sempre foi assim” pela religião verdadeira e viva!?

Pior ainda… certos projectos eclesiais que resultaram numa sociedade de cristandade e que ainda mantemos… Se falarmos a nível vocacional então…



Avancemos com confiança em quem tudo pode! Dignifiquemos o que está em cuidados paliativos mas procuremos novas formas e novos caminhos de levar o Evangelho às pessoas… este não é só trabalho do padre… esta é também a tua missão!
Estou certo ou estou errado?!


No blog: Padre Tó Carlos

21.11.06

Radical, não?


Li na última edição da revista Visão um artigo muito interessante sobre o aumento do número de jovens raparigas que decidem ser freiras nos Estados Unidos da América. Parece que a adesão tem sido tão grande nos últimos tempos que há várias congregações que tiveram que ampliar os conventos, tal é o número de noviças que pretendem consagrar a sua vida. Boas notícias, não são?

Uma das explicações dadas pelos "entendidos" neste assunto seria o facto de estas raparigas considerarem esta decisão de se tornarem freiras uma atitude "radical". Ou seja, numa sociedade em que o que é vulgar é ter uma vida de excessos, luxo, vícios, sexo, liberdade para tudo, enfim, onde toda a gente faz o que quer e lhe apetece, o que é "revolucionário" e "radical" é optar por uma vida de austeridade, castidade e obediência. Pelo menos foi o que escreveram na revistas os sociólogos, ou psicólogos, já não me lembro bem...


Espero sinceramente que esta não seja a única razão que leva estas raparigas a serem freiras, porque se for, quase de certeza que se vão arrepender mais tarde, digo eu.


No entanto, e a propósito da última reunião no Vaticano sobre o celibato dos padres, não posso deixar de dar razão aos tais "entendidos" da revista. Ser padre ou freira nos dias que correm é de certa forma uma atitude radical, por ser testemunho de valores e de uma vida que vai contra o que é socialmente assumido como uma vida "normal". Não só por causa do celibato, mas essencialmente por ser uma vida de entrega aos outros, altruísta, desinteressada. E isso está muito pouco "fashion" nos dias que correm, e daí a "radicalidade".


Conheço alguns padres e freiras e tenho por eles uma grande admiração, exactamente pelo testemunho de vida consagrada a Deus e aos outros e na sua disponibilidade total para servir os outros. E os seminaristas, que são da minha idade, até mais novos, e com certeza tiveram os mesmos "convites" que eu tive para seguirem o que é moda, o que é "cool", mas eles seguiram o seu caminho. Eles sim, são radicais. Eles, realmente, "estão lá".


Não quero com isto pôr estas pessoas num pedestal porque todos sabemos que não são santos. E com certeza que as noviças norte-americanas não aspiram à canonização! Mas num mundo cada vez mais egoísta, estas pessoas são sinal vivo de Deus, que Ele continua bem no meio de nós.


Ainda me lembro das palavras do meu pai, que até está completamente afastado da Igreja, e da qual até é bastante crítico, me dizer quando era pequenina e lhe perguntei quem era Jesus: "Foi um revolucionário do seu tempo, filha, sempre defendeu os mais pobres."


Que falta nos fazem mais revolucionários (e radicais) assim...



No blog: Sonhadora

Petição contra a homofobia

Perseguir os homossexuais com castigos ou penas, não.Mas também não fazer como já alguns países fazem, equiparando casamentos heterossexuais com os ajuntamentos homossexuais. No meio é que está a virtude, como sempre!
Ver no PÚBLICO

Extraído do blog: Contra a corrente

19.11.06

Tony Melendez - Um exemplo de vida


Passo a minha vida a analisar o meu país, e, de certa forma, criticando, à minha maneira, alguns assuntos pertinentes.

São essencialmente desabafos de uma experiência de vida.

De vez em quando chegam-me emails, muitos dos quais vou guardando, para que, quando conveniente, os voltar a rever.

Hoje chegou-me um exemplo do que é a luta pela vitória, por conseguir uma realização.

Não resisto a vos mostrar este vídeo para reflectirmos sobre as nossas próprias vidas:

http://www.molhobicovideo01.no.sapo.pt/TonyMelendez.wmv

No blog: Molhobico

18.11.06

Padres casados


Bento XVI convocou uma reunião ao mais alto nível sobre este problema e temas associados.
Penso que é importante não meter a cabeça na areia mas enfrentar sem dramatismos problemas que realmente existem e devem ser analisados.

1.Relativamente aos padres que não exercem o seu ministério, normalmente porque casaram, gostaria de recordar dois números.
Segundo o Anuário Católico de Portugal (2006), em 2003 havia em todo o mundo 268 041 pares diocesanos e 137 409 "religiosos", o que dá um total de 405 450 padres.
Segundo estimativas que correm pelos jornais, haverá padres sem poderem exercer cerca de 150 000.
Perante tais números, uma Igreja, onde o analfabetismo religioso é aflitivo, deveria pensar bem: ser legítimo ter tanta gente teológica e pastoralmente qualificada sem poder dar o seu contributo, atendendo a que a exigência do celibato nem é evangélica nem existe sequer nas Igrejas católicas do Oriente.

2. Não creio que o celibato seja a principal causa da falta de vocações sacerdotais. Parece-me que haverá outras razões mais fundas:
- dificuldade em aceitar compromissos para toda a vida;
- falta de vitalidade das comunidades cristãs;
- atmosfera relativista e permissiva da sociedade de hoje;
- "falta de fervor cristão";
- dificuldade em evangelizar um mundo em profunda mudança;
- depois haverá outras mais superficiais como a diminuição do estatuto social do clero; a desistência de alguns padres; a falta de modelos fortes de padre visíveis na sociedade de hoje.

3. Como a Eucaristia é o elemento estruturante da Igreja e de qualquer comunidade cristã, é urgente encontrar uma solução para o presidente da Eucaristia. Continuar a exigir um modelo tridentino de presidente celibatário, com não sei quantos anos de estudos teológicos (absolutamente indispensáveis para uma boa catequese, mas não necessários para presidir à Eucaristia) está visto que não resolve.
Uma solução já pedida por muitos bispos consistiria em ordenar como presidente da Eucaristia líderes das comunidades locais, depois de naturalmente uma preparação mínima e desde que sejam "bons" cristãos. Algo que encaixaria numa expresão ambígua mas muito utilizada: viri probati, "homens que deram provas". Homens e... também mulheres, embora devamos ir de forma faseada de modo a não escandalizar uma Igreja onde a esmagadora maioria ainda tem muito de conservadora e cuja trajectória espiritual e eclesial deve ser respeitada.


No blog:Fé e compromisso

17.11.06

D. Eurico Dias Nogueira vai mais longe!!!


D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga, diz mesmo que "está na altura de se avançar para a realização de um concílio para debater o celibato dos padres e a ordenação sacerdotal das mulheres".

Precisamos de uma Igreja mais corajosa e menos acomodada.

No blog: Padres inquietos

16.11.06

Escolhas


Tinha tudo para ser uma médica bem sucedida. Mas à competição pelo melhor lugar na especialidade preferiu o abanão do serviço numa comunidade perdida do mundo, em S. Tomé.
A vida virou pela primeira vez. E podia ter sido uma cooperante bem sucedida. Mas às políticas pré-formatadas dos doadores preferiu a aprendizagem atenta e humilde com aquelas gentes que nada têm.
E a vida virou outra vez. Não sei se virá a ser feliz.

Mas há um brilho naqueles olhos que me interpela.


No blog: Palombellarossa

15.11.06

Contradições?


Uma curiosa onda de esquerdismo católico parece estar a varrer a América Latina. O último exemplo chega da Nicarágua, com a vitória do sandinista Daniel Ortega.
Lugar especial no debate político sul-americano, tem tido o tema do aborto, com a campanha a favor da vida feita bandeira pela esquerda mais agressiva. É, para já, um fenómeno que chama a atenção.
Através do
Timshel, cheguei a esta pergunta de Tomás Vasques:
"Como reagirá a malta do PCP/BE a este contratempo? Assobia para o ar, como é hábito? E este pessoal todo: Blogue do Não, Pela Vida, Quero Viver, Razões do Não, Sou a Favor da Vida, Viver a Sua Vida, também assobia para o ar?"
Estando este blogue incluído na lista, acolhi a pergunta como merecedora de atenção e resposta.
Há nesta questão um irónico tom provocatório, como se de repente, uns e outros tivéssemos de nos sentir incómodos por esta aparente "salada ideológica" que mistura num só prato o que nós parece servirmos por separado.
Sem querer explicar complexidades que não tenho a pretensão de dominar, limito-me a uma opinião que emerge do meu pouco saber.
Antes de mais, parece-me necessário evitar comparações entre realidades políticas com um percurso histórico muito diferente. Há muitas "esquerdas", como há muitas "direitas".
Relacionado com o anterior, não posso deixar de me interrogar sobre a influência da Teologia da Libertação na evolução da esquerda latino-americana.
E, sobretudo, os factos apontados como contraditórios, parecem-me confirmar o que já várias vezes tive oportunidade de escrever: o problema do aborto, a sua liberalização ou criminalização, ultrapassa largamente os limites das ideologias políticas, enraizando-se em convicções éticas, antropológicas, filosóficas e morais que antecedem e extravasam o conceito de pertença partidária.
Os exemplos que chegam do outro lado do charco deitam por terra a colagem entre liberalizaçäo/esquerda e anti-aborto/direita. Provam apenas que há muitas alternativas às categorizaçöes que na Europa se apresentam como inevitáveis.
Por outro lado (ou no mesmo lado, conforme se veja), a pergunta supracitada supõe a categorização à direita dos defensores do "não", em Portugal. O que é falso, como todas as generalizações.
Dito isto, resta o óbvio: embora partilhe com muita gente alinhada com fundamentalismos de direita a minha orientação de voto no Não, isso não significa que os convide para jantar.

No blog: Razões do não

Aborto: o crime estará mesmo na lei?


A retórica favorável ao sim no referendo ao aborto afirma-se cheia de respeito e clemência pelas mulheres, invocando que pretende poupá-las à violência do aborto clandestino para o qual são empurradas… No entanto, creio que este argumento é, em absoluto, carente de sentido. Ora vejamos: há entre os defensores do “sim” dois grandes grupos:

a) por um lado, há o grupo mais vasto dos que defendem a liberalização do aborto como modo de contracepção (há aspectos ridículos nesta expressão, pois só com muito boa-vontade podemos chamar contracepção à morte de um feto com 10 semanas). O mote deste grupo é o célebre slogan o corpo é meu, a decisão também. Estes militantes são, inegavelmente, pró-aborto: com ânimo leve, defendem que o aborto é um direito. Custa-me vê-los invocar o sofrimento real das mulheres que foram empurradas para o aborto clandestino como argumento do seu discurso libertário: a sua campanha não é a das mulheres obrigadas a abortar um filho que não podem ter; é a das mulheres que pretendem abortar uma criança que não querem ter.

b) por outro lado, temos o grupo mais restrito dos que, sinceramente, defendem que a lei deve ser compreensiva com as mulheres que se encontraram com uma situação limite. Para estes, o aborto não deve ser encarado de ânimo leve: as mulheres são empurradas para o aborto por circunstâncias que, normalmente, lhes são exteriores: um parceiro que não quis assumir a paternidade, um patrão que ameaçou com o despedimento ou uma situação económica desesperada, etc... No entanto, invocar a despenalização nestes casos é uma estratégia extremamente arriscada, pois uma lei restritiva do aborto é a melhor garantia da mulher: perante o parceiro, o patrão ou a pobreza, a mulher está protegida por uma lei que a proíbe de abortar. Destruída essa lei, a tirania do parceiro, do patrão ou das circunstâncias será inexorável; e o aborto, que antes era um recurso extremo e brutal, passará a ser encarado como uma alternativa próxima e razoável.

Ironicamente, supondo proteger as mulheres, os defensores do sim estão a colocá-las sozinhas perante o dilema do aborto. E os defensores do não, parcendo implacáveis com elas, estão a criar alternativas para que possam contar com alguém quando, apesar das circunstâncias adversas, pretenderem prosseguir do lado da vida: a sua e a da criança que foi concebida no seu seio.


No blog: Catacumbas

14.11.06

Aprender com o cavalo



Um dia, o cavalo de um camponês caiu num poço. Não se chegou a ferir, mas não podia sair dali por conta própria.
Por isso o animal chorou fortemente durante horas, enquanto o camponês pensava no que fazer.
Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que o cavalo já estava muito velho e não servia mais para nada, e também o poço já estava mesmo seco, precisaria ser tapado de alguma forma.
Portanto, não valia a pena se esforçar para tirar o cavalo de dentro do poço. Ao contrário, chamou seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o cavalo.
Cada um deles pegou uma pá e começou a jogar terra dentro do poço.
O cavalo não tardou a se dar conta do que estavam fazendo com ele, e chorou desesperadamente.
Porém, para surpresa de todos, o cavalo quietou-se depois de umas quantas pás de terra que levou.
O camponês finalmente olhou para o fundo do poço e se surpreendeu com o que viu. A cada pá de terra que caía sobre suas costas o cavalo a sacudia, dando um passo sobre esta mesma terra que caía ao chão.
Assim, em pouco tempo, todos viram como o cavalo conseguiu chegar até a boca do poço, passar por cima da borda e sair dali trotando.

A vida vai lhe jogar muita terra, todo o tipo de terra. Principalmente se você já estiver dentro de um poço.
O segredo para sair do poço é sacudir a terra que se leva nas costas e dar um passo sobre ela.
Cada um de nossos problemas é um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos buracos se não nos dermos por vencidos. Use a terra que te jogam para seguir adiante!
Recorde as 5 regras para ser feliz:
1- Liberte o seu coração do ódio.
2 - Liberte a sua mente das preocupações.
3 - Simplifique a sua vida.
4- Dê mais e espere menos.
5- Ame mais e... aceite a terra que lhe jogam, pois ela pode ser a solução,

não o problema.

No blog: PDIVULG

Happy Birthday




Uma tragédia, por vezes, consegue ser fonte de inspiração artística. Aqui vos deixo uma maneira diferente de ouvir "falar" de aborto...

No blog: Blogue do Não

12.11.06

Paz


Podia ter escolhido uma bela citação de maneira a desejar-lhes um dia cheio de paz. Há tantas e tão bonitas, por onde escolher?

Junto o útil ao agradável, e, como ando sem tempo suficiente para ler, pesquisar, para jornais - como ontem foi, muito menos ainda para tv, (que não seja por isso) e assim vos deixo votos (à Bento) de um dia... TRANQUILO, pois!




E aproveito para cá deixar guardado. Já agora e também, hoje, a indicação deste Site onde podem ver TV online grátis. A TVtuga oferece o acesso a uma lista de dezenas de canais de televisão, disponíveis na Internet.




Com todas estas opções:




É escolher a língua, o canal, pegar no 'comando' e zapping com ele. Ah, e tem rádio também. Vale a pena dar um salto até lá, espero que gostem!


No blog: A capela

11.11.06

No dia de S. Martinho ...



... falemos de amor


Hoje é o dia de S. Martinho.
Um Santo que ficou na história pelo seu amor aos pobres.
O seu gesto de dividir a capa de militar por alguém que tiritava de frio, ficou famoso. E chegou até nós. Como os magustos que dava aos pobres.

Neste dia lembro um texto da Carta-Encíclica “Deus caritas est”, do Papa Bento XVI. Põe em relevo o amor ao próximo por amor de Deus. Acolhemos e amparamos o outro porque queremos fazer a vontade de Deus que ama todos os Seus filhos e dum modo especial os “pobres”.

«Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. O Seu amigo é meu amigo. Para além do aspecto exterior do outro, dou-me conta da sua expectativa interior de um gesto de amor, de atenção, que eu não lhe faço chegar somente através das organizações que disso se ocupam, aceitando-o talvez por necessidade política. Eu vejo com os olhos de Cristo e posso dar ao outro muito mais do que as coisas externamente necessárias: posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa. Aqui se vê a interacção que é necessária entre o amor a Deus e o amor ao próximo, de que fala com tanta insistência a I Carta de João. Se na minha vida falta totalmente o contacto com Deus, posso ver no outro sempre e apenas o outro e não consigo reconhecer nele a imagem divina. Mas, se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser «piedoso» e cumprir os meus «deveres religiosos», então definha também a relação com Deus. Neste caso, trata-se duma relação «correcta», mas sem amor. Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama.»



No blog: Ver para crer

Santos sem "pau carunchoso"


Precisamos de Santos sem véu ou batina.

Precisamos de Santos de calças jeans e ténis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema,
ouçam música e passeiem com os amigos.

Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar,

mas que se “esforcem” na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham o tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade,
ou que consagrem a sua castidade.

Precisamos de Santos modernos, Santos do século XXI,

com uma espiritualidade inserida no nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo,
que não tenham medo de viver no mundo.

Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dogs, que usem jeans, que sejam internautas, que ouçam disc-man.


Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.

Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.

“Precisamos de Santos que estejam no mundo e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos”.

João Paulo II

No blog: Fides intrepida

10.11.06

Os Olhos Azuis da minha irmã


"No último Prós e Contras, a eurodeputada Edite Estrela considerou que o aborto poderia ser legítimo, caso a mãe descobrisse que a criança era portadora de trissomia 21. Eu tenho uma irmã com olhos azuis. Chama-se Mónica, tem 22 anos e tirou o curso profissional de Serviços Básicos de Hospitalidade. Trabalha hoje numa pastelaria de Lisboa. Os olhos dela são lindos e ela é educada, feminina, anda sempre perfumada...
A Mónica é a minha irmã e irmã de mais três. Gostamos muito dela e ela é muito feliz. Dá unidade à família, está atenta sempre a todos e a cada um.

A sra. eurodeputada não tem os olhos azuis mas tem uns olhos tão bonitos como os da Mónica. Tem os talentos e as virtudes de avó e de mãe. E tem dificuldades; certamente também chora e se alegra, é mais uma das pessoas deste nosso planeta que acorda todas as manhãs e lava os dentes. De certeza que já viu um pobre na rua e lhe estendeu a mão direita (a esquerda) ou as duas, ou olhou para uma prostituta e sentiu pena. De certeza que já ajudou alguém em apuros. Gostávamos que viesse a nossa casa, provasse os muffins que a Mónica faz e visse o gosto com que ela põe a mesa. E descobrisse que esta menina de olhos azuis tem... trissomia 21.

E ficaria bem contente por ela ter nascido. Tal como nós. Tal como qualquer pessoa.

Jaime Bilbao"Destak, 03/11/2006

No blog: Faça-se Luz


9.11.06

Deus é como açucar


Não é normal escrever dois artigos no mesmo dia mas, hoje abri uma excepção, para um PPS que recebi e aqui transcrevo parte:

" Pedro, um menino muito tímido, levantou as mãozinhas e disse:- A minha mãe me disse que Deus é como o açúcar no meu leite que ela faz todas as manhãs, eu não vejo o açúcar que está dentro da caneca no meio do leite, mas se ela tira, fica sem sabor. Deus existe, e está sempre no meio de nós, só que não O vemos, mas se Ele sair de perto, nossa vida fica...sem sabor."

Na verdade, Deus escreve direito por linhas tortas. Há poucos dias não sabia como responder ao meu filho sobre uma duvida dele e hoje, apenas com esta passagem, penso que ele irá compreender.

Como costume, quem quiser é só pedir.

No blog: Confessio XXI

Sem comentários....





No blog: Ele está no meio de nós

8.11.06

O referendo


"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado"


Leio e releio e volto a ler a pergunta do referendo.Tento descortinar as razões da dita despenalização tão apregoadas, para as mulheres com problemas graves e tão diversos que vão sendo enunciados.

Apenas vejo a liberalização total do aborto, seja porque razão for, desde que seja "opção da mulher".

A "opção da mulher", do homem, nunca pode ser contra vida.Porque se afadigam tanto em tentar demonstrar que aquela vida, não é vida.Para tranquilizar as consciências.Somos aquilo que somos porque uma mulher e um homem um dia nos geraram e disseram sim à vida, a mesma vida que agora não queremos reconhecer.

No blog: Que é a Verdade

7.11.06

Dar a Vida

Ainda estou abalado com a notícia que recebi hoje do assassinato de um jesuíta brasileiro, o P. Waldyr e de uma Leiga para o Desenvolvimento, a Idalina, na Missão de Fonte Boa, em Moçambique. E de mais dois jesuítas feridos, um de Moçambique, e um português.

Não consigo dizer nem pensar muitas coisas... deixar sentir a revolta pela injustiça, de não perceber o sentido destes acontecimentos. O facto é que não os conheci, mas sinto a sua morte como a perda de alguém muito querido. Porque partilho com eles o mesmo sonho e o mesmo desejo de entregar a Vida a Jesus.

E é tão fácil ter discursos bonitos sobre dar a Vida, até ao momento em que nos sentimos pequenos perante os limites, que nos tiram a existencia em situações extremas. Que nunca chegam a ser verdadeiramente queridas nem desejadas... mas que acontecem, de forma que nos tiram o alento e nos deixam sem reacção possível...

E olho para mim, para os meus desejos de ser mais de Jesus, de dar a Vida Toda. E como sou pequeno na minha oferta, em como digo com gestos, pensamentos e palavras, tantos nãos.Há uma frase que diz: "Sangue de mártires é semente de cristãos". São duas vidas que vejo dadas assim, e que todos preferiamos que não fossem. Mas agora são caminhos e intercessões para ser mais Crist(ã)o, mais igual a Jesus, menos preocupado com o meu mundo pequeno e os meus nãos ridículos, e a pedir a força de ser Mais.

Mesmo sem perceber, olhar as minhas mãos e perguntar-me se posso tocar tudo o que a Vida mais completa me pede.

No blog: Cidade Eterna