21.11.06

Radical, não?


Li na última edição da revista Visão um artigo muito interessante sobre o aumento do número de jovens raparigas que decidem ser freiras nos Estados Unidos da América. Parece que a adesão tem sido tão grande nos últimos tempos que há várias congregações que tiveram que ampliar os conventos, tal é o número de noviças que pretendem consagrar a sua vida. Boas notícias, não são?

Uma das explicações dadas pelos "entendidos" neste assunto seria o facto de estas raparigas considerarem esta decisão de se tornarem freiras uma atitude "radical". Ou seja, numa sociedade em que o que é vulgar é ter uma vida de excessos, luxo, vícios, sexo, liberdade para tudo, enfim, onde toda a gente faz o que quer e lhe apetece, o que é "revolucionário" e "radical" é optar por uma vida de austeridade, castidade e obediência. Pelo menos foi o que escreveram na revistas os sociólogos, ou psicólogos, já não me lembro bem...


Espero sinceramente que esta não seja a única razão que leva estas raparigas a serem freiras, porque se for, quase de certeza que se vão arrepender mais tarde, digo eu.


No entanto, e a propósito da última reunião no Vaticano sobre o celibato dos padres, não posso deixar de dar razão aos tais "entendidos" da revista. Ser padre ou freira nos dias que correm é de certa forma uma atitude radical, por ser testemunho de valores e de uma vida que vai contra o que é socialmente assumido como uma vida "normal". Não só por causa do celibato, mas essencialmente por ser uma vida de entrega aos outros, altruísta, desinteressada. E isso está muito pouco "fashion" nos dias que correm, e daí a "radicalidade".


Conheço alguns padres e freiras e tenho por eles uma grande admiração, exactamente pelo testemunho de vida consagrada a Deus e aos outros e na sua disponibilidade total para servir os outros. E os seminaristas, que são da minha idade, até mais novos, e com certeza tiveram os mesmos "convites" que eu tive para seguirem o que é moda, o que é "cool", mas eles seguiram o seu caminho. Eles sim, são radicais. Eles, realmente, "estão lá".


Não quero com isto pôr estas pessoas num pedestal porque todos sabemos que não são santos. E com certeza que as noviças norte-americanas não aspiram à canonização! Mas num mundo cada vez mais egoísta, estas pessoas são sinal vivo de Deus, que Ele continua bem no meio de nós.


Ainda me lembro das palavras do meu pai, que até está completamente afastado da Igreja, e da qual até é bastante crítico, me dizer quando era pequenina e lhe perguntei quem era Jesus: "Foi um revolucionário do seu tempo, filha, sempre defendeu os mais pobres."


Que falta nos fazem mais revolucionários (e radicais) assim...



No blog: Sonhadora

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa notícia!