27.10.06

Sou contra o aborto


Um casal bonito. Por dentro e por fora. Há muito tentavam descobrir no seu seio a criança, para a família ficar completa. As tentativas eram mais que muitas. Naturais. Acompanhamento médico. Terapias. Medicação. Insemi-nação.

Quando parecia que Deus estava a ceder ao seu pedido, ao seu desejo, tudo se desmorona. Já era difícil engravidar. Muito dinheiro empatado naquilo que achavam ser o mais importante das suas vidas e da sua partilha. Agora a dificuldade mantinha-se. Já não era só difícil engravidar. Tornara-se difícil não abortar. Estávamos a conversar da sua ansiedade. Que deviam esforçar-se, mas com serenidade. Que acima de tudo o mais importante era o amor que sentiam um pelo outro. Que não deviam deixar que a situação afectasse isso. Que deviam viver a vida e não deixar que ela os vivesse. Que havia sempre algumas alternativas.

Curioso, pois tínhamos acabado de assistir a um programa sobre adopções de crianças com deficiência. Eram altas horas da madrugada. Mas a conversa mantinha-se oportuna e interessada. Às tantas ela surge com este desabafo. Andam aí a lutar para que o aborto seja legalizado. Andam aí tantas mães a abortar porque os não querem. E quem os quer, sofre porque os não consegue.

Curioso como não falou da intervenção divina. Nem eu. Já encontrei pais bem felizes com as adopções que fizeram. Continuou. É injusta esta sociedade. Eu sou contra o aborto. Sou-o sobretudo porque acho que é uma perda quando há tanta gente que gostaria de encontrar a felicidade nos filhos que não consegue dar à luz e há quem os destrua com o argumento egoísta da felicidade. A conversa não ficou por ali. Mas o assunto sim.
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