30.10.06

Esclareçam-me



Detesto ser chamado a pronunciar-me sobre assuntos dos quais sei pouco, ou nada. Reconheço ser o tipo de pessoa que desmonta compulsivamente o que quer que seja para saber como o diabo da coisa funciona. Claro é que, para que tal aconteça, 'a coisa' tem que interessar-me minimamente.

Bem, interessa-me por ora a questão do aborto. Quero falar sobre o assunto com quem se apresente com ideias definitivas e decididamente favorável à despenalização, liberalização ou lá como lhe queiram chamar. Mas atenção, não quero ter conversas esotéricas, não quero ouvir argumentos que de tão batidos estão piores que o chapéu dum pobre.

Vou ser mais claro, quero falar com um (ex-)progenitor cuja companheira tenha decidido abortar. Quero saber se ela o consultou ou se foi só ela a 'decidir do seu corpo'. Quero saber se pagou o aborto, se foi clandestino ou legal, se acompanhou a companheira, se assistiu, se sentiu ... o quê ...


Claro que mais interessante será falar com a (ex-)progenitora para lhe perguntar coisas muito semelhantes. Porquê? Doeu? O quê? O corpo? A alma? Ambos? Quanto tempo demorou a pegar num recém nascido após o aborto? O que sentiu? O que melhorou na sua vida? O que piorou? Repetiria em iguais circunstâncias? Se o caso se colocar com uma filha sua e for chamada a opinar que fará?

Vá lá ... estou farto de números, de estatísticas, de suposições, de induções e deduções. O aborto será o que quiserem que seja, mas é acima de tudo uma questão de e sobre pessoas, das que o são e das que não o chegam a ser. Se houver por aí quem tenha experiência e a coragem de falar de si, tem neste blog, a 'obrigação' de me convencer que o aborto asséptico do Séc. XXI é um passo em frente e não uma fuga.



No blog: 25 Cm de neve

1 comentário:

Em contra-corrente disse...

O que está na mão é um feto de 11 meses?!
Fiquei arrepiada com tal.