3.1.07

Devo o meu filho à minha mãe


A discussão foi acesa. Não nos zangámos. Mas fiquei triste. Sobretudo porque no meio das palavras amigas e sinceras de parte a parte denotei pouca informação e apenas a informação da televisão, aquela que há mais de dois anos tem aparecido numa campanha desenfreada pela liberalização do aborto. Não quero falar do meu respeito ou compreensão pelas opiniões diferentes da minha nem pelas mães que optam por uma atitude destas. No entanto o meu rosto enrugado provocou nos amigos, sobretudo num deles, algum desconforto. Digo-o pela mensagem que me enviou no dia seguinte. Mas a história, se quisermos dar-lhe esse atributo, veio depois da discussão e da mensagem. O amigo porventura dialogou com a mãe sobre o meu rosto. E a mãe ligou-me depois. Padre, hoje contei ao meu filho o que ainda não achara oportuno ele saber. Se hoje tenho um filho lindo e perfeito devo-o à minha mãe, que, na sua gravidez do meu ser, estivera prestes a abortar. Sabia que eu não tinha as condições melhores para a minha existência. Não as explicou e eu entrevi pelo que conheço dela. Pareceu-me que as palavras estavam molhadas, mas não vi porque o telefone não mostra. A sua mãe não se arrependera de lutar, e quase todos os dias ela dá graças a Deus e à mãe pela sua opção. Por isso, dizia-me, o meu filho é resultado do meu não aborto.
A mim calou-me. A ele não sei.

No blog: Confessionário de um padre

1 comentário:

Marlene Maravilha disse...

Não há muito o que dizer, mas há muito pra sentir!!
abraços e um 2007 cheio da presença de Deus!