O título deste post corresponde a uma das concepções que os nazis tinham do direito.
(ela é referida por Gustav Radbruch, Professor de Direito na Universidade de Heidelberg, numa circular de 1945 dirigida aos estudantes desta Universidade e intitulada "Cinco minutos de Filosofia do direito" e que aqui publiquei em 11/1/04)
Os estalinistas tinham exactamente a mesma concepção do direito (visão esta, aliás, também partilhada pelos neoliberais).
Esta mesma concepção do direito aparece numa frase lapidar que li em 2003 e que aqui transcrevi:
"As leis só têm força quando correspondem aos interesses da sociedade e esta (Lei do Aborto) já não corresponde à moral vigente" Maria José Morgado, "Correio da Manhã", 21/12/03.
Bobbio (de novo, via viver a sua vida), a este respeito, disse:
"O facto de que o aborto esteja difundido, é um argumento muito débil do ponto de vista jurídico e moral. E espanta-me que venha sendo adoptado com tanta frequência. Os homens são como são: mas a moral e o direito existem por isso. O furto de um carro, por exemplo, está difundido: mas isto legitima o furto?"
E no romance "Longe do Abrigo", David Lodge coloca na boca de uma das personagens:
"Se morresse de repente com esse pecado a pesar-lhe na alma, ia parar ao Inferno. O risco era tremendo. Mas se montes de gente o fazia... Havia uma espécie de segurança nos números."
Essa mesma segurança nos números que fez com que as atrocidades nazis ocorressem. Se montes de gente o faz...
PS.: Não deixa de ser curioso aliás que a mesma pessoa que acha que o direito apenas deve reflectir a moral vigente numa sociedade, diga que uma lei que foi maioritariamente votada apenas cinco anos atrás num referendo democrático, que essa lei "não corresponde à moral vigente".
No blog: Timshel
4 comentários:
obrigado amigo
Uma mentira muitas vezes repetida, nunca se transforma em verdade!!!
Abraço
Completamente de acordo, joaquim!...
Timshel:
contribuiste para o enriquecimento deste blog.
Parabéns.
Joaquim:
Como sabes, há quem pense o contrário.
Mas só aparentemente isso acontece. A verdade vem ao de cima como o azeite!...
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