É de língua espanhola. Com uma cultura superior. É licenciada e está a fazer um mestrado. Uma filha de 5 anos que já lhe morreu nos braços: aguentou com toda a valentia. Encontros e desencontros na vida. Mas... a Fé nunca lhe esmoreceu. Luta, trabalha, mesmo longe da sua terra natal. Lá longe, tem alguém que a ama. Mas está longe.
Um aneurisma lhe rebentou no cérebro; outro, ainda maior, está quase a rebentar: mas há esperança que isso não aconteça tão cedo. Há urgência duma intervenção cirúrgica. A seu pedido, vou junto a ela. Diz-me que acredita no sucesso dessa intervenção. E que hei-de eu dizer, senão que também espero? E rezo por isso! "Com a bênção de Deus, recebida através de si, eu sei que ultrapassarei esta fase difícil". É a sua Fé. E também a minha. Unjo-a com o Óleo dos Enfermos. Chega o cirurgião que a põe a par da gravidade da situação. É mesmo muito grave. Ele quer que eu esteja presente no esclarecimento. "Gosto que esteja presente junto a mim nestes momentos". Eu calo-me perante tantas dificuldades que ele apresenta. Percentagens de sucesso e de insucesso... reacções... efeitos... os meses de convalescença (e o mestrado que vai ficar adiado)... a fala que pode ficar afectada... os movimentos da parte direita do corpo...
Não aguento mais e fecho os olhos. Qual a minha reacção se fosse eu? (é isso que penso bem dentro de mim).
Ela insiste em saber tudo. Mas o médico tem pudor em a informar da realidade da sua situação. Ela compreende.
E ouço: "Sabe, doutor? Eu tenho força. Imagino a situação em que me encontro...! Entrego-me nas suas mãos. E sei que Deus também o vai ajudar!"
E eu digo, sem que alguém me oiça: "Senhor, aumenta a minha Fé! E, já agora, também a minha confiança!E, se não for pedir demais, dá-me mais esperança!"
No blog: Migalhas também são pão
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