As cinzas simbolizam a nossa condição de seres mortais e ao mesmo tempo pecadores: "tu és pó e ao pó hás-de voltar".
Mas a cinza é também outra coisa. Permite guardar por mais tempo o calor e o fogo. Depois dum incêndio, os bombeiros têm de manter a vigilância, porque o fogo pode, a todo o momento, irromper das cinzas.
As cinzas recordam-nos que há em nós, depois do nosso baptismo, um fogo: a presença do Espírito de Deus. Esta presença está, muitas vezes, escondida, dissimulada nas preocupações do dia a dia, sob a rotina e os hábitos. E, algumas vezes, somos levados a acreditar que esse fogo se apagou. Mas basta um sopro e as brasas retomam vida: o fogo sempre lá esteve.
Como reavivar esse fogo? No evangelho de hoje, Jesus aponta-nos um meio: regressar ao mais íntimo de nós mesmos.
De facto, frequentemente nos deixamos hipnotizar pelo exterior das coisas e dos acontecimentos. "Os homens vêem o exterior, mas Deus vê o coração". É este coração escondido em cada um de nós que Jesus nos convida a descobrir: "Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles."
Desce ao segredo do teu coração e lá descobrirás a brasa que ainda está viva. Esta brasa, na realidade, é a presença de Deus que é a raiz absoluta de todo o ser. Tu és o resultado dum acto do amor criador de Deus. Nada nem ninguém poderá aniquilar este amor. O que te resta fazer, é sacudir a poeira da tua vida, para que o fogo do amor do Pai te possa, de novo, incendiar. O Amor de Deus em ti não está morto. "Converte-te e acredita no Evangelho!"
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