24.3.07

Questões de gramática


Já repararam na diferença que é usar-se a preposição do em vez da preposição de quando nos referimos a alguém?
A simples mudança de um para o outro, comprometerá a formalidade do tratamento, podento até soar a alguma vulgaridade.
Senão vejamos, não é costume dizer-se: "... com a intervenção do Cavaco Silva" ou "... com a intervenção do José Sócrates" , mas "... com a intervenção de Cavaco Silva ou de José Sócrates" ... a simples substituição da preposição de pela preposição do altera completamente o respeito do tratamento, banalizando-o até.
Talvez para fazermos distinção de tratamento também dizemos: "... com a intervenção de Deus" e nunca "... com a intervenção do Deus" e já ao contrário, dizemos: "... com a intervenção do Diabo" e nunca "... com a intervenção de Diabo".

É a riqueza da nossa língua. Inconsciente e automaticamente, numa subtileza gramatical, conferimos estatutos.

17.3.07

Tem de ser ele o padrinho


O João é meu acólito. Tem treze anos. É bastante responsável. Merece a minha atenção, como padre, como amigo, como companheiro. Entusiasmou-se com a ideia de ser padrinho da primita. Disse-mo a tia. Tem de ser ele o padrinho. E as normas? catequese dos dez anos. Ele só está no sétimo. E não há muitos que fizeram os dez anos e são crismados e não têm manifestação de fé visível e são padrinhos? Ela vencera esta primeira batalha. Mas as leis, mesmo as inventadas, vencem sempre, sobretudo por uma questão de igualdade. Falei disso, mas com alguma tristeza, pois percebia as suas razõesPressupõe-se que um padrinho tenha atingido a sua maturidade da fé. Por isso a, melhores que muitas das que escolhem padrinhos fáceis. E se ele não assinar, para já? Esperamos o crisma e os dezasseis anos. Só que isso criava precedentes. E se eu fosse a outro lado, a outra paróquia, passava-me uma declaração para ele ser padrinho? Claro que entendi, mas falei da incoerência. E já a pedir dó, relembrei que eles, como bons cristãos, deviam ser os primeiros a entender e a facilitar-me a decisão. Eles entendiam. Eram boa gente, de facto. Mas não queriam. E como explicar ao miúdo? Eu posso ajudar. Ele até já lhe ofereceu prendas, padre. Eu ia andando, porque tinha confissões à espreita. Esperavam-me uns colegas. Já quase em desespero, e espero que tenha sido só em desespero e sem pensar porque a frase não foi acertada. Isso agora não é importante. Importante é decidir que sim, que ele pode ser padrinho. Olhei com ar de autoritário. Este olhar não era meu. Era da decisão. Não gosto deste olhar. Abri a porta do carro para entrar. Insistia. Então a resposta é sim. Eu dizia que não. Olhe que vai ser sim. Ficamos combinados. Dizia isto quase a fugir para ter a certeza que não me ouvia dizer não e para que a sua consciência ditasse sim e não houvessem dúvidas. Não. Entrei também com a mesma forma de pensar.
E agora, como vai ser quando abrir definitivamente o carro e a encontrar de novo na reunião de preparação?

No blog: Confessionário de um padre

10.3.07

Superstição, ritualismo, religião, supermercados de sacramentos...


É certo que mesmo entre os chamados "cristãos praticantes", muitas vezes, há mais religião do que fé, mais superstição do que adesão, mais ritualismo do que conversão, mas o que me preocupa mais são os chamados "cristãos não praticantes"!

Aqueles que falam sempre contra, mas nunca aparecem, mesmo com as portas escancaradas.
Aqueles que fazem da Igreja um "supermercado de sacramentos", pois só aparecem para baptizar, casar, funeral...
Aqueles que vão a Fátima, colocam montes de velas, se arrastam de joelhos... e depois na comunidade.... zero compromisso, nunca aparecem, deixam sempre lugar vazio.

Penso que está aqui um grande desafio à Igreja. "Não temais, pequenino rebanho"!
Porque continua a Igreja a aceitar estes comportamentos?
Porque continua a Igreja a baptizar filhos de quem nada quer com a fé?
Só para termos estatísticas?
Porque se celebram missas de "corpo presente" por quem, em vida, nunca lá quis pôr os pés?
E depois... um cristianismo cheio de promessas, velinhas, procissões, discussões, mas vazio de COMPROMISSOS!

Em quantos cristãos podemos encontrar um cheirinho das pegadas de Cristo?

No blog: Padres Inquietos

4.3.07

As duas vizinhas


Não sei se é verdadeira esta história mas que tem uma boa lição, ai isso tem!
Havia duas vizinhas que viviam em pé de guerra. Não podiam encontrar-se pois era briga certa. Uma delas era mesmo por demais. Viver com uma vizinha assim não era fácil. E a D. Carminda ao princípio começou a responder com a mesma moeda, pensando que a outra iria desistir.
Depois de um tempo, a Carminda fartou-se e resolveu propor as pazes à vizinha.
– Minha querida Clotilde, já estamos nesta desavença há tempo demais e não vejo nenhum motivo aparente para continuarmos assim. Proponho que façamos as pazes e vivamos como duas boas amigas.
D. Clotilde, na hora, estranhou a atitude da velha rival e disse que iria pensar no caso. Pelo caminho foi matutando:
– Essa mulher não me engana, está querendo aprontar-me alguma e eu não vou deixar. Vou mandar-lhe um "lindo" presente para ver a sua reacção.
Chegada a casa, preparou um lindo embrulho, cobrindo-o com uma lindo papel, mas encheu-o de esterco já putrefacto para não cheirar mal. Depois despachou-o pelos C. T. T..
– Eu adoraria ver a cara da Carminda ao receber esse 'maravilhoso' presente. Vamos ver se ela vai reagir.
Dentro do embrulho colocou um bilhete: "Aceito a sua proposta de paz e para selarmos nosso compromisso, envio-lhe esse lindo presente".
Ao receber e abrir o presente, D. Carminda quase ia perdendo as estribeiras. Não tinha valido o seu esforço de propor a paz!
– Bem! Deixá-lo... Com pessoas assim não há nada a fazer!
Mas alguns dias mais tarde, D. Carminda achou que o melhor era retribuir a prenda. Foi ao jardim e resolveu apanhar algumas das mais lindas flores do seu jardim. Fez um lido ramo e foi ela própria levá-lo à vizinha.
– O estrume que me enviaste deu este lindo aspecto às minhas flores. Resolvi trazer-te este "bouquet" para veres como elas agradeceram a oferta.
E ali mesmo as duas se beijaram e perdoaram. E acaba a história, contando que nunca mais alguém viu aquelas vizinhas a altercar e muito menos a insultarem-se.


No blog: Ver para crer

2.3.07

O valor de um momento


Para entenderes o valor de um ano pergunta ao estudante que foi reprovado. Para entender o valor de um mês pergunta a uma mãe que teve um bebê prematuro. Para entender o valor de uma semana pergunta ao editor de um jornal semanal. Para entender o valor de uma hora, pergunta aos namorados que estão esperando para se encontrar. Para entender o valor de um minuto, pergunta a uma pessoa que tenha perdido o comboio. Para entender o valor de um segundo, pergunta a uma pessoa que acabou de escapar de um acidente. Para entender o valor de um milissegundo, pergunta a uma pessoa que ganhou a medalha de ouro nos jogos olímpicos. Aproveita cada momento que tiveres! O ontem é história. O amanhã é um mistério.
O Hoje é um presente. Por isto se chama presente!!!