23.2.07

As cinzas...


As cinzas simbolizam a nossa condição de seres mortais e ao mesmo tempo pecadores: "tu és pó e ao pó hás-de voltar".
Mas a cinza é também outra coisa. Permite guardar por mais tempo o calor e o fogo. Depois dum incêndio, os bombeiros têm de manter a vigilância, porque o fogo pode, a todo o momento, irromper das cinzas.
As cinzas recordam-nos que há em nós, depois do nosso baptismo, um fogo: a presença do Espírito de Deus. Esta presença está, muitas vezes, escondida, dissimulada nas preocupações do dia a dia, sob a rotina e os hábitos. E, algumas vezes, somos levados a acreditar que esse fogo se apagou. Mas basta um sopro e as brasas retomam vida: o fogo sempre lá esteve.
Como reavivar esse fogo? No evangelho de hoje, Jesus aponta-nos um meio: regressar ao mais íntimo de nós mesmos.
De facto, frequentemente nos deixamos hipnotizar pelo exterior das coisas e dos acontecimentos. "Os homens vêem o exterior, mas Deus vê o coração". É este coração escondido em cada um de nós que Jesus nos convida a descobrir: "Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles."
Desce ao segredo do teu coração e lá descobrirás a brasa que ainda está viva. Esta brasa, na realidade, é a presença de Deus que é a raiz absoluta de todo o ser. Tu és o resultado dum acto do amor criador de Deus. Nada nem ninguém poderá aniquilar este amor. O que te resta fazer, é sacudir a poeira da tua vida, para que o fogo do amor do Pai te possa, de novo, incendiar. O Amor de Deus em ti não está morto. "Converte-te e acredita no Evangelho!"

22.2.07

O meu testemunho


Foi há alguns anos, 17 se não me engano. Foi no ano em que realizei a minha Profissão de Fé. Na altura não havia o uso de se continuar até ao Crisma. Quando este se realizasse haveria uma série de reuniões de preparação.
Era Verão, um final de tarde, quando 2 catequistas bateram à porta. Uma delas tinha sido responsável pela minha preparação para a Profissão de Fé, a outra não a conhecia. Perguntaram-me se estaria interessada em ajudar na catequese, ser auxiliar num grupo. Aceitei!
Comecei num grupo de cerca de 50 crianças, com uma catequista responsável e mais 3 auxiliares. Era o 2º ano e a experiência foi, no meu ponto de vista, enriquecedora. Tínhamos reuniões de catequistas semanais onde se preparava a catequese e se tomavam decisões, sempre com a presença do pároco. Esses primeiros anos foram aqueles que recordo com mais saudade, pois foram os anos que mais me marcaram na experiência de ser catequista e na minha própria fé. Era um grupo unido, de entreajuda, onde as reuniões serviam de formação a quem, como eu, estava a iniciar-se.
Os anos foram passando. Fui complementando a minha formação com a participação num Curso de Iniciação e ao fim de 6 anos entregaram-me um grupo de crianças de 6 anos. Não foi uma tarefa fácil, mas sem dúvida que foi gratificante e serviu de aprendizagem. O grupo era de 40 crianças, assumido por 2 catequistas, eu e a S. Foi um caminho de descoberta, de dificuldades, mas com muitas alegrias. Alguns foram ficando pelo caminho, outros continuaram e outros foram integrando-o ao longo dos anos. E que caminhada! Vinte realizaram o seu Crisma, 10 anos depois de terem iniciado o seu percurso. Um percurso marcado pela minha entrada na Universidade e posteriormente pela da S. Mas apesar disso, a Fé em Cristo, o desejo de espalhar a sua Palavra e os olhos daquelas crianças que já sentíamos tão próximas de nós impediram que deixássemos este grupo. Nem todos são membros participativos na comunidade, mas eu acredito que a semente está lá no seu coração, e que qualquer dia irá despontar. Nos dias que correm é bem difícil despertar os jovens para a religião, chamá-los à Igreja, cativá-los. Tenho porém a certeza de que, tanto eu como a S., nos esforçamos por isso, e também acredito que este grupo viveu cada uma das Festas com verdadeira emoção e consciência daquilo que estavam a realizar – Primeira Comunhão, Profissão de Fé e Confirmação. Foram os próprios pais que o disseram. Hoje são garotos com um pé na Universidade e é com carinho que nos cumprimentam quando por nós passam na rua. Pode ser que um dia, quando forem pais, se lembrem das suas catequistas, da sua catequese e a semente brote…

Por razões profissionais parei um ano. Senti falta, confesso.

Hoje tenho novamente um grupo, bem diferente do meu primeiro grupo. Os tempos são outros, a diversidade de ofertas também. Até os próprios pais…
É um grupo de 40 crianças, e novamente tenho a S. a meu lado. Como auxiliar tenho a MJ, uma das minhas meninas do meu primeiro grupo.
Cada encontro é uma descoberta, deles e minha, mas já noto a amizade que sentem por Jesus e o desejo de quererem aprender mais.

Sim, sou catequista porque me chamaram e não voltei a cabeça. Porque gosto de ver as crianças com sede de saberem mais sobre Jesus, de serem suas Amigas. Pela alegria que sinto ao terminar cada encontro e saber que consegui chegar ao seu coração. Não gosto de fazer espectáculos, de mostrar actividades só para outros verem. As actividades servem para as crianças viverem em pleno a sua fé, sentirem a alegria de serem amigos de Jesus e de saberem que Ele também é seu Amigo. Às vezes é preciso fazer sacrifícios, são horas a menos que se passa com a família, enfim… Mas quando se faz o que se faz por amor, a Cristo e a estas crianças que estão a desabrochar, tudo vale a pena!

Há ainda obstáculos que tentamos ultrapassar, mas nem sempre o conseguimos. Dificuldades ao nível dos espaços, dos recursos e até mesmo na funcionalidade do grupo de catequistas, que já não é tão unido como era. Mas isso será assunto para outro post…

Por agora lanço o desafio:
E tu, porque razão és Catequista?

18.2.07

Pela vida, SEMPRE!



40, 75%
Este post é uma homenagem a todas aquelas e aqueles que com determinação,serenidade, respeito pela diferença e perseverança, não se deixaram ir na onda e continuam a afirmar que a Vida vale mais que as palavras de pura demagogia "socratiana" e "louçanista" expressas em soluções de cartola em noite de "vitória, modernidade e entrada a sério no séc. XXI"!?

O trabalho continua agora ainda com mais determinação, alegria e entusiasmo! Obrigado a todos os leigos que dando do seu tempo não se pouparam a esforços para que a causa da vida não fosse uma questão marginal ou secundária no debate para este referendo. Rezo (ainda mais) por todos e por cada um.


Um terno abraço deste vosso irmão

15.2.07

A luta pela Vida não parou




Acho que todos nós devemos reflectir sobre a campanha do referendo. Não vou falar para já da lei em si, já que ainda não foi regulamentada, embora ache curioso que o PS já tenha dito que não haverá aconselhamento, ao contrário do que diziam alguns defensores do Sim, e que o Sindicato Independente dos Médicos venha dizer que talvez seja necessário pensar em contratos com entidades privadas, já que as unidades de saúde portuguesas (que estão a fechar) poderão não conseguir dar resposta aos pedidos de aborto. Lembremos que muitos apologistas do Sim diziam que não nos tínhamos de preocupar, porque os abortos iam ser feitos em clínicas privadas e os nossos impostos não iriam contribuir para nada… A ver vamos.

Como cristã católica acho que é muito importante reflectir sobre o papel da Igreja nesta campanha. Na minha opinião teve momentos maus e bons. Começando pelos maus… Acho que o Cardel D. José Policarpo não devia ter dito que a Igreja não ia participar na campanha. Sei que não o fez por mal, mas a palavra campanha, em plena sociedade de informação, é muito vasta e muitos entenderam que os católicos (até parece que somos a única religião) não deviam tocar no assunto. Como perguntava um colega de trabalho:”Mas vocês falam da actualidade nas missas?” Lá está, a palavra campanha, hoje em dia, pode significar muitas coisas.

Outras coisas que correram mal… No início, a diocese de Coimbra fez um apelo ao voto do Não logo após as palavras do Cardeal. Ainda por cima houve uma polémica em volta de uma imagem de uma criança de uma apologista do Sim… As declarações também nem sempre foram muito felizes, nomeadamente quando aparecia um sacerdote a falar de excomunhão. Até parece que isto aconteceria na prática… Depois, para ajudar, surgiram católicos a dizerem que votariam no Sim (uma das pessoas que deu uma entrevista, nem era baptizada, mas dizia-se católica), assim como o padre de Lamego.

Coisas boas… A principal de todas é que a maioria dos cristãos estiveram unidos, contra tudo e contra todos, para lutarem por uma solução que pudesse levar a uma lei que protegesse a mãe e o filho. Não houve vergonhas, não houve desistências… Apesar da tempestade, lutou-se e mostrou-se que a preocupação pela Vida não deve ser só dos cristãos. Deve ser de todos. Afinal somos todos seres humanos. Falou-se também muito da Misericórdia de Deus. É pena que tenha sido abafada pelos media por causa das coisas más que apontei em cima. Diz-se tanto que a Igreja não tem influência na sociedade, mas nestas alturas querem-na sempre calada…Curioso... Já agora para quem defende que o Estado é laico, não se esqueça que o ser laico, em Portugal, é viver numa democracia onde temos liberdade de expressão.

E agora? Agora vamos para a frente e lutemos para que o aborto não seja a única solução para uma mulher. Vamos ajudar ainda mais as instituições que já existem e que têm feito um óptimo trabalho, divulgando-as, dando ajuda financeira, sendo voluntário… Enfim, arregacemos as mangas. Há muito trabalho a fazer. Deus está connosco. Não temamos!


  • Instituições que ajudam as Mães
  • No Blog: Deus em tudo e sempre

    13.2.07

    Injusto


    Anda muita gente preocupada com o aborto clandestino (partidos, Governo, movimentos, etc)... mas vejo poucos indignados com o facto de uma mãe ter que deixar aos 5 meses o seu bébé entregue a estranhos, ou que as empresas penalizem quem decide dar prioridade à família, ou que não existam pediatras no nosso sistema de saúde, ou que se não recebam subsídios dignos para apoio na educação, ou que se não aposte em horários laborais de apoio às mães, ou que se não tabelem os preços dos infantários que são uma barbaridade! etc etc... a resolução de parte destes problemas resolveriam parte da clandestinidade.
    Os bébés nascidos não têm prioridade nas políticas de Estado. Os outros passaram a ter prioridade... mas para a sua morte!
    Antes de se apoiar a maternidade, decide-se apoiar a "mortandade" ... é mais fácil, aparentemente parece que se resolve o mal pela raíz ...
    E afinal, serão os filhos das mulheres que optam hoje por tê-los mesmo que em condições de "sofrimento", "incómodos" e dificuldades na vida, que irão sustentar amanhã as reformas das que optaram agora por matar. Injusto não é?

    No blog: Conversas sobre Deus

    7.2.07





    Comentário: O aborto já podia ter sido despenalizado, pelo menos no que concerne à pena de prisão, há muito tempo. Mas os políticos fizeram a despenalização refém da liberalização, sabendo que despenalizando esvaziariam em muito a base de apoio do sim a este referendo. A isto (e a outras coisas parecidas, à direita e à esquerda) pode-se chamar terrorismo político.

    A vitória do não, no último referendo, deveria pressupôr uma revisão da lei nos aspectos em que se tende a encontrar consensos na sociedade. Tal não foi feito por incompetência e má vontade (e o tal terrorismo) dos governos que entretanto tivémos. E hoje voltamos a ter de escolher entre um sim e um não que mais não são que formas dos políticos sacudirem a questão. É que se o problema é grave e incomoda tantas pessoas, porque é que nada foi feito entretanto? Não seria quase consensual o acabar-se com as penas de prisão, dar-se mais apoios a mulheres grávidas, eventualmente até alargar os casos em que é permitido abortar? Não se poderia fazer isso de forma tranquila e sem referendo? Podia.

    Se o sim ganhar, é óbvio o que muda com a liberalização. Mas também é óbvio que enquanto sociedade desistimos de resolver os problemas e relativizamos quando podia haver alternativas. Acabamos com alguns problemas, geramos outros (menos resistências a abortar implica menos protecção a mulheres que sejam pressionadas para o fazerem) e fechamos os olhos aos seres que matamos.

    Se o não ganhar, os políticos serão obrigados a encontrar outras formas para lidar com o problema que não o simples adiamento. Da outra vez isso chegou, desta não acredito (espero que não).


    No blog: Razões do não