30.11.06

Novamente um código de barras...


Acompanhei, faz algum tempo, uma pessoa muito amiga quando esta foi fazer a sua matrícula na Universidade…
Papeis sem fim… número de bilhete de identidade e de contribuinte colocado vezes sem conta… a burocracia habitual!
No final de tudo um último papel que é preciso assinar… achei tão interessante aquele papel… Era uma folha de tamanho A4, normalíssima, cheia de códigos de barras e no final de tudo pedia-se uma assinatura.

Cada vez mais somos um número… um código… e não pessoas com subjectividade, autonomia, dificuldades, sonhos…anseios!

Já tinha abordado este assunto... parece simples mas acho-o muito simbólico!

"Um simples código de barras...
Fui com "um dos meus meninos" às urgências de um centro de saúde e, apesar das contingências, posso dizer que fomos bem atendidos e muito bem tratados.Havia bastante tempo que não recorria a estes serviços e por isso surpreendeu-me uma novidade! Agora colocam no pulso dos doentes, depois do rastreio inicial, uma pulseira autocolante com um código de barras.Podem dizer me que utilizam este procedimento como forma de organização e podem até argumentar com uma maior eficácia, rapidez e qualidade no serviço prestado... No entanto, por limitação minha de certo, não consigo deixar de pensar na desumanização das pessoas... Cada vez mais somos um número e não uma pessoa. Qualquer dia implantam-nos um chip e deixamos de ter nome e subjectividade... Seremos um registo informático… um simples código de barras! "


No blog: Padre To Carlos

28.11.06

Banco de crianças


Divulgo aqui umas palavras do Bispo de Viseu, onde se salienta a importância da vida, onde destaco a acção que o governo deve de exercer em apoio e defesa das famílias, e não à destruição ou marginalizarão...

A proposta de referendo prevê que a interrupção deste processo, causando a morte de um ser humano, possa ser a pedido da mulher. Pergunta-se: pode a mulher decidir do seu corpo? Sim, pode. A mulher pode sempre decidir do seu corpo, pela autonomia a que tem direito, para se realizar bem e para se valorizar, como pessoa, na totalidade do seu ‘ser corpo’ e do seu ‘ser pessoa’… Porém, na mulher grávida, existe um outro corpo: autónomo também e independente do seu corpo de mulher. O pai e a mãe são os garantes da vida deste corpo sobre o qual têm “responsabilidade”, mais do que “poder”. As decisões sobre este corpo têm que ser sempre éticas, baseadas nos valores e não na violência e na destruição…

Mas, quem concorda que a mulher seja penalizada? Ninguém quer penalizar a mulher e o Estado deve tornar-se a garantia da realização da mulher e da criança – 2 seres humanos perante os quais o Estado deve intervir em defesa da sua vida e do seu futuro. Porquê não criar condições – tornadas legítimas, conhecidas e apoiadas – para que a mulher que não queira a criança, a entregue e a doe para adopção? Porquê não criar condições para um “banco” de crianças (em vez de outros “bancos” muito mais dispendiosos – de esperma e de embriões), com as inscrições de mães (pais) que as entreguem e pais que as aceitem para adopção? Não seria este um investimento do Estado, no futuro da sociedade e no respeito igual para todos os cidadãos? Ou será a liberalização das leis eliminadoras da vida, a alternativa que o Estado tem para as violências sobre os cidadãos inocentes do nosso país?

Votar SIM no referendo é aceitar esta alternativa como a única; votar NÃO é exigir do Estado e de todos os cidadãos, a defesa justa e a protecção necessária para todos, a começar pelos mais frágeis e pelos mais inocentes.



No blog: Pdivulg

27.11.06

A falta de vocações


Recentemente em conversa com um amigo em Fátima, falávamos sobre a falta de vocações para o Sacerdócio.
Ontem numa reunião da Comunidade Luz e Vida, a que pertenço, que foi precedida da Eucaristia Dominical, na Igreja Paroquial de Albergaria dos Doze, presidida pelo Senhor D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, que instituiu o Marcelo, (seminarista pertencente à nossa Comunidade), no Ministério de Acólito, (será ordenado Presbitero, se Deus quiser, no final do próximo ano), falou-se novamente do tema das vocações e assim veio à minha memória essa conversa tida em Fátima.
Dizia-me esse meu amigo, que conversando há uns anos com o Padre Emiliano Tardiff, (já falecido), quando ele esteve em Portugal, sobre o assunto das vocações, ele lhe disse surpreendemente o seguinte:
- Diz o meu amigo que é necessário pedir ao Espírito Santo que desperte mais vocações sacerdotais para a Igreja, mas quem lhe diz que não é vontade do Espírito Santo esta "crise" de vocações.
E depois explicou o seu pensamento:
- Sabe nós os Padres, somos muitas vezes "centralizadores", e não deixamos espaço aos leigos.
Assim se houver falta de Sacerdotes, os leigos terão de ser chamados aos Ministérios que eles podem exercer, e também a uma muito maior participação na Igreja, em tantos campos onde é importante a sua participação, o que só pode ser muito bom para a própria Igreja.
Claro que as palavras não terão sido rigorosamente estas, mas este era o sentido do seu pensamento.
Ao referir esta conversa, a um Sacerdote que estava connosco nessa reunião, ele disse-me o seguinte:
- Sabe, na Polónia estão a atravessar uma "crise" ao contrário, ou seja, há tantos Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, que são eles que tudo fazem: dão catequese e "ocupam", digamos assim, os "lugares" onde os leigos podem exercer a sua missão, o que acaba por provocar um certo distanciamento dos leigos em relação à Igreja.
Não serão também estas as palavras exactas, que esse Sacerdote me disse, mas a ideia era esta.

Isto deu-me que pensar, e a ti?

Com isto não quero dizer que vou deixar de rezar pelas vocações, continuarei a fazê-lo com toda a perseverança, mas chama-me também a empenhar-me mais na construção da Igreja, a oferecer-me mais, não só fisicamente, mas também intelectualmente, na evangelização de todos nós, a começar por mim.



No blog: Que é a verdade?

As raparigas não o vão largar!


Apesar de não ser esta a ideia inicial para este post, não resisto a contar um episódio engraçado que achei muito pertinente nos dias que correm.
Foi ontem, na Eucaristia. Costumo chegar um bocadinho antes da hora da missa e aproveito esse tempinho para reflectir e falar com Deus. Estava eu embrenhada nos meus pensamentos, quando a Dª Maria, que costuma ficar sempre comigo, me bate no braço. Era o padre que estava a chegar.



"- Oh menina, já viu, se deixam os padres casarem ficamos sem padre! Um borrachinho daqueles! Elas não o largam!"


Contive a muito custo uma gargalhada, não estava nada à espera daquele comentário vindo de uma septuagenária tão respeitável. E continuava:


"-Estive a ver aquela notícia na televisão, do Papa deixar os padres casarem, e lembrei-me logo do nosso padre. É que, ainda por cima, ele podia ser assim, mas ser antipático. Mas não é, é uma simpatia, sabe falar tão bem com as pessoas! As raparigas não o vão largar!"


Achei que devia tranquilizar a Dª Maria, e lá lhe disse que o fim do celibato ainda não era para agora, o Papa tinha apenas discutido isso, mas não havia nenhuma mudança de posição.


"- Por mim," - dizia a Dª Maria - "não me faz diferença nenhuma que se casem, eu só não quero perder o nosso padre, que é tão bom para nós!".


"- Não perde, Dª Maria, vai ver que não perde..."



Entretanto começou a chegar mais gente e a conversa ficou por ali...


É engraçado como a maioria das pessoas vê o fim do celibato como forma de ganhar mais vocações, e a Dª Maria pensa exactamente o contrário. Nunca tinha visto as coisas dessa perspectiva...


No blog: Ele está no meio de nós

25.11.06

Sem discriminações...




No blog: Exegeses e homilias

Corações aquecidos....


"A maldade aumentará de tal maneira que o amor de muitos arrefecerá"
Mateus 24:12


Começo a observar todo o frenesim próprio desta época.
A agitação começa a tomar conta dos corações.
Montras decoradas, luzes, prendas, compras, centros comerciais, correria!
Pode haver espaço para tudo isso.

Mas dentro de cada coração, pergunto: está o essencial?
Haverá espaço para o calor do fogo ardente de Deus?

A verdade é que muitas vezes procuramos preencher a vida com coisas que não nos irão trazer felicidade.
Ou pelo menos, será passageira.
E os corações tornam-se frios, distantes.
Porque o fogo que nunca se apaga, não encontra espaço dentro de nós.
Podemos ter boas lareiras ou aquecimentos, mobílias e casas lindas, bons carros, as últimas novidades em tecnologia, mesa farta.
Mas nada disso aquecerá um coração frio!

Coisas não substituem o vazio de Deus em nós.
Porque somente o fogo do Deus vivo pode aquecer verdadeiramente.
Numa viga de madeira, estava inscrito o seguinte:
"Se o teu coração estiver frio, o meu fogo não te poderá aquecer"
Assim é com tudo aquilo com que procuramos preencher ou aquecer os nossos corações.
Se eles estiverem sem o essencial, se estiverem frios, nada e nem ninguém os poderão aquecer.
Tudo será ilusão passageira.

Por vezes, o meu coração tem-se esfriado.
Caído na tendência humana de substituir Deus por coisas.
Mas porque ele é habitado pelo Deus vivo, Ele sempre me ajudou a aquecê-lo de novo.
Porque nunca me desamparou.
Não deixemos esfriar os nosso corações.

O fogo do Amor está aí... para aquecer o teu coração!


No blog: COISAS DE MIM

24.11.06

Como evitar um aborto?


Este post saído do draft suscitou comentários que me parecem dignos de nota. Tacci, do Portugal, Caramba!, comentou que a ideia de que a lei protege as mulheres do arbítrio dos que as obrigam ao aborto seria própria de um país ideal, no qual
o aborto era muito bem condenado. [...] Mas [...] para o bem e para o mal, vivemos aqui e agora.
Portugal é o que é.
Gosto demasiado das mulheres para não sentir com elas o trauma do aborto que elas próprias não sabem como evitar.
O Lourenço sabe?

De facto, eu não sei ao certo como evitar abortos em todas as situações, mas posso dar algumas pistas para muitas delas. Foi o que sugeriu Tomás, num outro comentário:
...os adeptos da vida são os que têm ajudado permanentemente a secar as lágrimas a tantas dessas pobres mulheres que se vêem a braços com o dilema do Aborto. (Poupo-vos ao nome dessas instituições que todos conhecem)
O erro de Tomás está na frase colocada entre parêntesis: infelizmente, poucas instituições que apoiam grávidas em risco são bem conhecidas. Tirando a Ajuda de Mãe e a Ajuda de Berço, é muito difícil para essas instituições a visibilidade que os media vão dando às plataformas pró-aborto que proliferam em vésperas de referendo.
Por isso, aqui fica a ligação para a lista de algumas dessas associações, disponível na página da Federação Portuguesa pela Vida.

No blog: CATACUMBAS

NUNCA É TARDE PARA APRENDER:


PERCEBER O PAPA COMO UM ALEMÃO MUITO ESPECIAL - UM CATÓLICO BÁVARO (UM PLEONASMO TÍPICO)


Há um ano nunca compraria este livro (de Jeanne Perego, A Baviera de Joseph Ratzinger), fosse qual fosse o seu mérito. Nunca tive muita curiosidade pelas biografias dos papas contemporâneos, antes de serem papas. Os trajectos dos papas italianos pareciam-me típicos da ascensão burocrática da institucional igreja, suporte do Vaticano.Quando eles deixaram de ser italianos, interessei-me mais, mas, como João Paulo II era polaco, uma mistura entre a história da Polónia e do Solidariedade pareciam-me chegar.

Como de costume, há aqui muita ignorância, mas a verdade é que também não havia curiosidade. Com Joseph Ratzinger as coisas são diferentes. O interesse que o papa me suscita é intelectual e cultural, não é religioso per se. Traduz um movimento, que penso ser mais vasto, de reflexão identitária sobre a Europa, sobre as raízes civilizacionais da nossa história do "Ocidente", como sinal da espécie de kulturkampf que simultâneamente o fundamentalismo muçulmano e o seu terrorismo apocalíptico, denso de atitudes culturais e civilizacionais, e o chamado "multiculturalismo" trouxeram aos nossos dias.

Ora, apercebemo-nos agora (de novo, a ignorância...), que o papa Bento XVI foi um dos intelectuais que com mais importância e influência pelo seu papel em muitos documentos da Igreja, tratou destas questões em termos teológicos, filosóficos, históricos e culturais. O papa é alemão, bávaro, e isso conta. O catolicismo bávaro, verdadeiramente católico-apostólico-romano não é igual aos outros catolicismos nacionais. É bem diferente do nosso tão proclamado catolicismo, mais popular do que burguês, anticlerical, inculto, mais fiel do que piedoso, mais temeroso do que crente, mais social do que cultural. Coisas da história e da geografia. É o que este livro nos mostra, a abrir com uma foto de Ratzinger cardeal com um copo de cerveja, na mais tímida e hierática postura imaginável, mas mesmo assim possível. E ao olhar o retrato dessas pequenas vilas e aldeias da fronteira com a Áustria, limpas, sólidas, prósperas, em que a torre da igreja é sempre a primeira coisa que se vê de longe, cheias de conventos, mosteiros, faculdades de teologia e seminários, percebe-se um comunitarismo piedoso, que nos é bastante alheio. Depois as fotografias dos Ratzinger, a casa, os dois irmãos padres para orgulho da família, tudo nos aponta para um catolicismo calmo e consolidado.

Muito da biografia de Ratzinger pode ser explicado pelo choque dessa placidez antiga, com o Mundo que encontrou lá fora, o mundo da laicidade agressiva da Europa feita por Napoleão, o mundo das perturbações de Maio de 68, tão importantes para a viragem conservadora do peritus progressista do Vaticano II.

No blog: Abrupto

23.11.06

Dignos ou não? Eis a questão...


Não tentes distinguir quem é digno ou não o é. Que todos os homens sejam dignos a teus olhos para os amar e servir. Que a misericórdia permaneça sempre na tua balança até sentires em ti a misericórdia que Deus tem para com o mundo. Quando é que o homem reconhece que o seu coração atingiu a pureza? De certo quando considerar todos os homens como bons sem que nenhum lhe pareça impuro e contaminado. Então na verdade ele é puro de coração. E então uma compaixão imensa e sem medida nasce no coração do homem tornando-o semelhante a Deus.

Jamais poderás conceber o amor sem uma necessidade, uma imperiosa necessidade de conformidade, de semelhança e sobretudo de partilha de todas as penas, de todas as dificuldades, de todas as durezas da vida. Jamais conseguirás compreender o amor sem a busca de semelhança e sem a necessidade de partilhar todas as cruzes.
Nunca te esqueças que o amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prémio. O amor não busca outro fruto fora de si, o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo, amo para amar.


No blog: Horizontes de fé

22.11.06

Uma Igreja em constantes cuidados paliativos!


Parece-me a mim que muitas das coisas que faço, muitas das cerimónias em que participo, alguns dos projectos que sou desafiado a participar são “cuidados paliativos” que tenho de prestar… Os últimos cuidados que se prestam antes de morrer!
Certas cerimónias, tão só produto da tradição, e até certos projectos… é aguentar até… acabar!

Preocupa-me bastante descobrir nas paróquias uma religião tão só de tradições e hábitos… apetece desligar a máquina e deixar mesmo morrer! Mas depois que fica? Que propomos em troca? Estarão as pessoas dispostas a trocar a religião do “sempre foi assim” pela religião verdadeira e viva!?

Pior ainda… certos projectos eclesiais que resultaram numa sociedade de cristandade e que ainda mantemos… Se falarmos a nível vocacional então…



Avancemos com confiança em quem tudo pode! Dignifiquemos o que está em cuidados paliativos mas procuremos novas formas e novos caminhos de levar o Evangelho às pessoas… este não é só trabalho do padre… esta é também a tua missão!
Estou certo ou estou errado?!


No blog: Padre Tó Carlos

21.11.06

Radical, não?


Li na última edição da revista Visão um artigo muito interessante sobre o aumento do número de jovens raparigas que decidem ser freiras nos Estados Unidos da América. Parece que a adesão tem sido tão grande nos últimos tempos que há várias congregações que tiveram que ampliar os conventos, tal é o número de noviças que pretendem consagrar a sua vida. Boas notícias, não são?

Uma das explicações dadas pelos "entendidos" neste assunto seria o facto de estas raparigas considerarem esta decisão de se tornarem freiras uma atitude "radical". Ou seja, numa sociedade em que o que é vulgar é ter uma vida de excessos, luxo, vícios, sexo, liberdade para tudo, enfim, onde toda a gente faz o que quer e lhe apetece, o que é "revolucionário" e "radical" é optar por uma vida de austeridade, castidade e obediência. Pelo menos foi o que escreveram na revistas os sociólogos, ou psicólogos, já não me lembro bem...


Espero sinceramente que esta não seja a única razão que leva estas raparigas a serem freiras, porque se for, quase de certeza que se vão arrepender mais tarde, digo eu.


No entanto, e a propósito da última reunião no Vaticano sobre o celibato dos padres, não posso deixar de dar razão aos tais "entendidos" da revista. Ser padre ou freira nos dias que correm é de certa forma uma atitude radical, por ser testemunho de valores e de uma vida que vai contra o que é socialmente assumido como uma vida "normal". Não só por causa do celibato, mas essencialmente por ser uma vida de entrega aos outros, altruísta, desinteressada. E isso está muito pouco "fashion" nos dias que correm, e daí a "radicalidade".


Conheço alguns padres e freiras e tenho por eles uma grande admiração, exactamente pelo testemunho de vida consagrada a Deus e aos outros e na sua disponibilidade total para servir os outros. E os seminaristas, que são da minha idade, até mais novos, e com certeza tiveram os mesmos "convites" que eu tive para seguirem o que é moda, o que é "cool", mas eles seguiram o seu caminho. Eles sim, são radicais. Eles, realmente, "estão lá".


Não quero com isto pôr estas pessoas num pedestal porque todos sabemos que não são santos. E com certeza que as noviças norte-americanas não aspiram à canonização! Mas num mundo cada vez mais egoísta, estas pessoas são sinal vivo de Deus, que Ele continua bem no meio de nós.


Ainda me lembro das palavras do meu pai, que até está completamente afastado da Igreja, e da qual até é bastante crítico, me dizer quando era pequenina e lhe perguntei quem era Jesus: "Foi um revolucionário do seu tempo, filha, sempre defendeu os mais pobres."


Que falta nos fazem mais revolucionários (e radicais) assim...



No blog: Sonhadora

Petição contra a homofobia

Perseguir os homossexuais com castigos ou penas, não.Mas também não fazer como já alguns países fazem, equiparando casamentos heterossexuais com os ajuntamentos homossexuais. No meio é que está a virtude, como sempre!
Ver no PÚBLICO

Extraído do blog: Contra a corrente

19.11.06

Tony Melendez - Um exemplo de vida


Passo a minha vida a analisar o meu país, e, de certa forma, criticando, à minha maneira, alguns assuntos pertinentes.

São essencialmente desabafos de uma experiência de vida.

De vez em quando chegam-me emails, muitos dos quais vou guardando, para que, quando conveniente, os voltar a rever.

Hoje chegou-me um exemplo do que é a luta pela vitória, por conseguir uma realização.

Não resisto a vos mostrar este vídeo para reflectirmos sobre as nossas próprias vidas:

http://www.molhobicovideo01.no.sapo.pt/TonyMelendez.wmv

No blog: Molhobico

18.11.06

Padres casados


Bento XVI convocou uma reunião ao mais alto nível sobre este problema e temas associados.
Penso que é importante não meter a cabeça na areia mas enfrentar sem dramatismos problemas que realmente existem e devem ser analisados.

1.Relativamente aos padres que não exercem o seu ministério, normalmente porque casaram, gostaria de recordar dois números.
Segundo o Anuário Católico de Portugal (2006), em 2003 havia em todo o mundo 268 041 pares diocesanos e 137 409 "religiosos", o que dá um total de 405 450 padres.
Segundo estimativas que correm pelos jornais, haverá padres sem poderem exercer cerca de 150 000.
Perante tais números, uma Igreja, onde o analfabetismo religioso é aflitivo, deveria pensar bem: ser legítimo ter tanta gente teológica e pastoralmente qualificada sem poder dar o seu contributo, atendendo a que a exigência do celibato nem é evangélica nem existe sequer nas Igrejas católicas do Oriente.

2. Não creio que o celibato seja a principal causa da falta de vocações sacerdotais. Parece-me que haverá outras razões mais fundas:
- dificuldade em aceitar compromissos para toda a vida;
- falta de vitalidade das comunidades cristãs;
- atmosfera relativista e permissiva da sociedade de hoje;
- "falta de fervor cristão";
- dificuldade em evangelizar um mundo em profunda mudança;
- depois haverá outras mais superficiais como a diminuição do estatuto social do clero; a desistência de alguns padres; a falta de modelos fortes de padre visíveis na sociedade de hoje.

3. Como a Eucaristia é o elemento estruturante da Igreja e de qualquer comunidade cristã, é urgente encontrar uma solução para o presidente da Eucaristia. Continuar a exigir um modelo tridentino de presidente celibatário, com não sei quantos anos de estudos teológicos (absolutamente indispensáveis para uma boa catequese, mas não necessários para presidir à Eucaristia) está visto que não resolve.
Uma solução já pedida por muitos bispos consistiria em ordenar como presidente da Eucaristia líderes das comunidades locais, depois de naturalmente uma preparação mínima e desde que sejam "bons" cristãos. Algo que encaixaria numa expresão ambígua mas muito utilizada: viri probati, "homens que deram provas". Homens e... também mulheres, embora devamos ir de forma faseada de modo a não escandalizar uma Igreja onde a esmagadora maioria ainda tem muito de conservadora e cuja trajectória espiritual e eclesial deve ser respeitada.


No blog:Fé e compromisso

17.11.06

D. Eurico Dias Nogueira vai mais longe!!!


D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga, diz mesmo que "está na altura de se avançar para a realização de um concílio para debater o celibato dos padres e a ordenação sacerdotal das mulheres".

Precisamos de uma Igreja mais corajosa e menos acomodada.

No blog: Padres inquietos

16.11.06

Escolhas


Tinha tudo para ser uma médica bem sucedida. Mas à competição pelo melhor lugar na especialidade preferiu o abanão do serviço numa comunidade perdida do mundo, em S. Tomé.
A vida virou pela primeira vez. E podia ter sido uma cooperante bem sucedida. Mas às políticas pré-formatadas dos doadores preferiu a aprendizagem atenta e humilde com aquelas gentes que nada têm.
E a vida virou outra vez. Não sei se virá a ser feliz.

Mas há um brilho naqueles olhos que me interpela.


No blog: Palombellarossa

15.11.06

Contradições?


Uma curiosa onda de esquerdismo católico parece estar a varrer a América Latina. O último exemplo chega da Nicarágua, com a vitória do sandinista Daniel Ortega.
Lugar especial no debate político sul-americano, tem tido o tema do aborto, com a campanha a favor da vida feita bandeira pela esquerda mais agressiva. É, para já, um fenómeno que chama a atenção.
Através do
Timshel, cheguei a esta pergunta de Tomás Vasques:
"Como reagirá a malta do PCP/BE a este contratempo? Assobia para o ar, como é hábito? E este pessoal todo: Blogue do Não, Pela Vida, Quero Viver, Razões do Não, Sou a Favor da Vida, Viver a Sua Vida, também assobia para o ar?"
Estando este blogue incluído na lista, acolhi a pergunta como merecedora de atenção e resposta.
Há nesta questão um irónico tom provocatório, como se de repente, uns e outros tivéssemos de nos sentir incómodos por esta aparente "salada ideológica" que mistura num só prato o que nós parece servirmos por separado.
Sem querer explicar complexidades que não tenho a pretensão de dominar, limito-me a uma opinião que emerge do meu pouco saber.
Antes de mais, parece-me necessário evitar comparações entre realidades políticas com um percurso histórico muito diferente. Há muitas "esquerdas", como há muitas "direitas".
Relacionado com o anterior, não posso deixar de me interrogar sobre a influência da Teologia da Libertação na evolução da esquerda latino-americana.
E, sobretudo, os factos apontados como contraditórios, parecem-me confirmar o que já várias vezes tive oportunidade de escrever: o problema do aborto, a sua liberalização ou criminalização, ultrapassa largamente os limites das ideologias políticas, enraizando-se em convicções éticas, antropológicas, filosóficas e morais que antecedem e extravasam o conceito de pertença partidária.
Os exemplos que chegam do outro lado do charco deitam por terra a colagem entre liberalizaçäo/esquerda e anti-aborto/direita. Provam apenas que há muitas alternativas às categorizaçöes que na Europa se apresentam como inevitáveis.
Por outro lado (ou no mesmo lado, conforme se veja), a pergunta supracitada supõe a categorização à direita dos defensores do "não", em Portugal. O que é falso, como todas as generalizações.
Dito isto, resta o óbvio: embora partilhe com muita gente alinhada com fundamentalismos de direita a minha orientação de voto no Não, isso não significa que os convide para jantar.

No blog: Razões do não

Aborto: o crime estará mesmo na lei?


A retórica favorável ao sim no referendo ao aborto afirma-se cheia de respeito e clemência pelas mulheres, invocando que pretende poupá-las à violência do aborto clandestino para o qual são empurradas… No entanto, creio que este argumento é, em absoluto, carente de sentido. Ora vejamos: há entre os defensores do “sim” dois grandes grupos:

a) por um lado, há o grupo mais vasto dos que defendem a liberalização do aborto como modo de contracepção (há aspectos ridículos nesta expressão, pois só com muito boa-vontade podemos chamar contracepção à morte de um feto com 10 semanas). O mote deste grupo é o célebre slogan o corpo é meu, a decisão também. Estes militantes são, inegavelmente, pró-aborto: com ânimo leve, defendem que o aborto é um direito. Custa-me vê-los invocar o sofrimento real das mulheres que foram empurradas para o aborto clandestino como argumento do seu discurso libertário: a sua campanha não é a das mulheres obrigadas a abortar um filho que não podem ter; é a das mulheres que pretendem abortar uma criança que não querem ter.

b) por outro lado, temos o grupo mais restrito dos que, sinceramente, defendem que a lei deve ser compreensiva com as mulheres que se encontraram com uma situação limite. Para estes, o aborto não deve ser encarado de ânimo leve: as mulheres são empurradas para o aborto por circunstâncias que, normalmente, lhes são exteriores: um parceiro que não quis assumir a paternidade, um patrão que ameaçou com o despedimento ou uma situação económica desesperada, etc... No entanto, invocar a despenalização nestes casos é uma estratégia extremamente arriscada, pois uma lei restritiva do aborto é a melhor garantia da mulher: perante o parceiro, o patrão ou a pobreza, a mulher está protegida por uma lei que a proíbe de abortar. Destruída essa lei, a tirania do parceiro, do patrão ou das circunstâncias será inexorável; e o aborto, que antes era um recurso extremo e brutal, passará a ser encarado como uma alternativa próxima e razoável.

Ironicamente, supondo proteger as mulheres, os defensores do sim estão a colocá-las sozinhas perante o dilema do aborto. E os defensores do não, parcendo implacáveis com elas, estão a criar alternativas para que possam contar com alguém quando, apesar das circunstâncias adversas, pretenderem prosseguir do lado da vida: a sua e a da criança que foi concebida no seu seio.


No blog: Catacumbas

14.11.06

Aprender com o cavalo



Um dia, o cavalo de um camponês caiu num poço. Não se chegou a ferir, mas não podia sair dali por conta própria.
Por isso o animal chorou fortemente durante horas, enquanto o camponês pensava no que fazer.
Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que o cavalo já estava muito velho e não servia mais para nada, e também o poço já estava mesmo seco, precisaria ser tapado de alguma forma.
Portanto, não valia a pena se esforçar para tirar o cavalo de dentro do poço. Ao contrário, chamou seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o cavalo.
Cada um deles pegou uma pá e começou a jogar terra dentro do poço.
O cavalo não tardou a se dar conta do que estavam fazendo com ele, e chorou desesperadamente.
Porém, para surpresa de todos, o cavalo quietou-se depois de umas quantas pás de terra que levou.
O camponês finalmente olhou para o fundo do poço e se surpreendeu com o que viu. A cada pá de terra que caía sobre suas costas o cavalo a sacudia, dando um passo sobre esta mesma terra que caía ao chão.
Assim, em pouco tempo, todos viram como o cavalo conseguiu chegar até a boca do poço, passar por cima da borda e sair dali trotando.

A vida vai lhe jogar muita terra, todo o tipo de terra. Principalmente se você já estiver dentro de um poço.
O segredo para sair do poço é sacudir a terra que se leva nas costas e dar um passo sobre ela.
Cada um de nossos problemas é um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos buracos se não nos dermos por vencidos. Use a terra que te jogam para seguir adiante!
Recorde as 5 regras para ser feliz:
1- Liberte o seu coração do ódio.
2 - Liberte a sua mente das preocupações.
3 - Simplifique a sua vida.
4- Dê mais e espere menos.
5- Ame mais e... aceite a terra que lhe jogam, pois ela pode ser a solução,

não o problema.

No blog: PDIVULG

Happy Birthday




Uma tragédia, por vezes, consegue ser fonte de inspiração artística. Aqui vos deixo uma maneira diferente de ouvir "falar" de aborto...

No blog: Blogue do Não

12.11.06

Paz


Podia ter escolhido uma bela citação de maneira a desejar-lhes um dia cheio de paz. Há tantas e tão bonitas, por onde escolher?

Junto o útil ao agradável, e, como ando sem tempo suficiente para ler, pesquisar, para jornais - como ontem foi, muito menos ainda para tv, (que não seja por isso) e assim vos deixo votos (à Bento) de um dia... TRANQUILO, pois!




E aproveito para cá deixar guardado. Já agora e também, hoje, a indicação deste Site onde podem ver TV online grátis. A TVtuga oferece o acesso a uma lista de dezenas de canais de televisão, disponíveis na Internet.




Com todas estas opções:




É escolher a língua, o canal, pegar no 'comando' e zapping com ele. Ah, e tem rádio também. Vale a pena dar um salto até lá, espero que gostem!


No blog: A capela

11.11.06

No dia de S. Martinho ...



... falemos de amor


Hoje é o dia de S. Martinho.
Um Santo que ficou na história pelo seu amor aos pobres.
O seu gesto de dividir a capa de militar por alguém que tiritava de frio, ficou famoso. E chegou até nós. Como os magustos que dava aos pobres.

Neste dia lembro um texto da Carta-Encíclica “Deus caritas est”, do Papa Bento XVI. Põe em relevo o amor ao próximo por amor de Deus. Acolhemos e amparamos o outro porque queremos fazer a vontade de Deus que ama todos os Seus filhos e dum modo especial os “pobres”.

«Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. O Seu amigo é meu amigo. Para além do aspecto exterior do outro, dou-me conta da sua expectativa interior de um gesto de amor, de atenção, que eu não lhe faço chegar somente através das organizações que disso se ocupam, aceitando-o talvez por necessidade política. Eu vejo com os olhos de Cristo e posso dar ao outro muito mais do que as coisas externamente necessárias: posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa. Aqui se vê a interacção que é necessária entre o amor a Deus e o amor ao próximo, de que fala com tanta insistência a I Carta de João. Se na minha vida falta totalmente o contacto com Deus, posso ver no outro sempre e apenas o outro e não consigo reconhecer nele a imagem divina. Mas, se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser «piedoso» e cumprir os meus «deveres religiosos», então definha também a relação com Deus. Neste caso, trata-se duma relação «correcta», mas sem amor. Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama.»



No blog: Ver para crer

Santos sem "pau carunchoso"


Precisamos de Santos sem véu ou batina.

Precisamos de Santos de calças jeans e ténis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema,
ouçam música e passeiem com os amigos.

Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar,

mas que se “esforcem” na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham o tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade,
ou que consagrem a sua castidade.

Precisamos de Santos modernos, Santos do século XXI,

com uma espiritualidade inserida no nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo,
que não tenham medo de viver no mundo.

Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dogs, que usem jeans, que sejam internautas, que ouçam disc-man.


Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.

Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.

“Precisamos de Santos que estejam no mundo e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos”.

João Paulo II

No blog: Fides intrepida

10.11.06

Os Olhos Azuis da minha irmã


"No último Prós e Contras, a eurodeputada Edite Estrela considerou que o aborto poderia ser legítimo, caso a mãe descobrisse que a criança era portadora de trissomia 21. Eu tenho uma irmã com olhos azuis. Chama-se Mónica, tem 22 anos e tirou o curso profissional de Serviços Básicos de Hospitalidade. Trabalha hoje numa pastelaria de Lisboa. Os olhos dela são lindos e ela é educada, feminina, anda sempre perfumada...
A Mónica é a minha irmã e irmã de mais três. Gostamos muito dela e ela é muito feliz. Dá unidade à família, está atenta sempre a todos e a cada um.

A sra. eurodeputada não tem os olhos azuis mas tem uns olhos tão bonitos como os da Mónica. Tem os talentos e as virtudes de avó e de mãe. E tem dificuldades; certamente também chora e se alegra, é mais uma das pessoas deste nosso planeta que acorda todas as manhãs e lava os dentes. De certeza que já viu um pobre na rua e lhe estendeu a mão direita (a esquerda) ou as duas, ou olhou para uma prostituta e sentiu pena. De certeza que já ajudou alguém em apuros. Gostávamos que viesse a nossa casa, provasse os muffins que a Mónica faz e visse o gosto com que ela põe a mesa. E descobrisse que esta menina de olhos azuis tem... trissomia 21.

E ficaria bem contente por ela ter nascido. Tal como nós. Tal como qualquer pessoa.

Jaime Bilbao"Destak, 03/11/2006

No blog: Faça-se Luz


9.11.06

Deus é como açucar


Não é normal escrever dois artigos no mesmo dia mas, hoje abri uma excepção, para um PPS que recebi e aqui transcrevo parte:

" Pedro, um menino muito tímido, levantou as mãozinhas e disse:- A minha mãe me disse que Deus é como o açúcar no meu leite que ela faz todas as manhãs, eu não vejo o açúcar que está dentro da caneca no meio do leite, mas se ela tira, fica sem sabor. Deus existe, e está sempre no meio de nós, só que não O vemos, mas se Ele sair de perto, nossa vida fica...sem sabor."

Na verdade, Deus escreve direito por linhas tortas. Há poucos dias não sabia como responder ao meu filho sobre uma duvida dele e hoje, apenas com esta passagem, penso que ele irá compreender.

Como costume, quem quiser é só pedir.

No blog: Confessio XXI

Sem comentários....





No blog: Ele está no meio de nós

8.11.06

O referendo


"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado"


Leio e releio e volto a ler a pergunta do referendo.Tento descortinar as razões da dita despenalização tão apregoadas, para as mulheres com problemas graves e tão diversos que vão sendo enunciados.

Apenas vejo a liberalização total do aborto, seja porque razão for, desde que seja "opção da mulher".

A "opção da mulher", do homem, nunca pode ser contra vida.Porque se afadigam tanto em tentar demonstrar que aquela vida, não é vida.Para tranquilizar as consciências.Somos aquilo que somos porque uma mulher e um homem um dia nos geraram e disseram sim à vida, a mesma vida que agora não queremos reconhecer.

No blog: Que é a Verdade

7.11.06

Dar a Vida

Ainda estou abalado com a notícia que recebi hoje do assassinato de um jesuíta brasileiro, o P. Waldyr e de uma Leiga para o Desenvolvimento, a Idalina, na Missão de Fonte Boa, em Moçambique. E de mais dois jesuítas feridos, um de Moçambique, e um português.

Não consigo dizer nem pensar muitas coisas... deixar sentir a revolta pela injustiça, de não perceber o sentido destes acontecimentos. O facto é que não os conheci, mas sinto a sua morte como a perda de alguém muito querido. Porque partilho com eles o mesmo sonho e o mesmo desejo de entregar a Vida a Jesus.

E é tão fácil ter discursos bonitos sobre dar a Vida, até ao momento em que nos sentimos pequenos perante os limites, que nos tiram a existencia em situações extremas. Que nunca chegam a ser verdadeiramente queridas nem desejadas... mas que acontecem, de forma que nos tiram o alento e nos deixam sem reacção possível...

E olho para mim, para os meus desejos de ser mais de Jesus, de dar a Vida Toda. E como sou pequeno na minha oferta, em como digo com gestos, pensamentos e palavras, tantos nãos.Há uma frase que diz: "Sangue de mártires é semente de cristãos". São duas vidas que vejo dadas assim, e que todos preferiamos que não fossem. Mas agora são caminhos e intercessões para ser mais Crist(ã)o, mais igual a Jesus, menos preocupado com o meu mundo pequeno e os meus nãos ridículos, e a pedir a força de ser Mais.

Mesmo sem perceber, olhar as minhas mãos e perguntar-me se posso tocar tudo o que a Vida mais completa me pede.

No blog: Cidade Eterna

6.11.06

Tudo o que for útil ao povo é direito


O título deste post corresponde a uma das concepções que os nazis tinham do direito.
(ela é referida por Gustav Radbruch, Professor de Direito na Universidade de Heidelberg, numa circular de 1945 dirigida aos estudantes desta Universidade e intitulada "Cinco minutos de Filosofia do direito"
e que aqui publiquei em 11/1/04)

Os estalinistas tinham exactamente a mesma concepção do direito (visão esta, aliás, também partilhada pelos neoliberais).

Esta mesma concepção do direito aparece numa frase lapidar que li em 2003
e que aqui transcrevi:

"As leis só têm força quando correspondem aos interesses da sociedade e esta (Lei do Aborto) já não corresponde à moral vigente" Maria José Morgado, "Correio da Manhã", 21/12/03.


Bobbio (de novo, via
viver a sua vida), a este respeito, disse:

"O facto de que o aborto esteja difundido, é um argumento muito débil do ponto de vista jurídico e moral. E espanta-me que venha sendo adoptado com tanta frequência. Os homens são como são: mas a moral e o direito existem por isso. O furto de um carro, por exemplo, está difundido: mas isto legitima o furto?"

E no romance "Longe do Abrigo", David Lodge coloca na boca de uma das personagens:

"Se morresse de repente com esse pecado a pesar-lhe na alma, ia parar ao Inferno. O risco era tremendo. Mas se montes de gente o fazia... Havia uma espécie de segurança nos números."

Essa mesma segurança nos números que fez com que as atrocidades nazis ocorressem. Se montes de gente o faz...

PS.: Não deixa de ser curioso aliás que a mesma pessoa que acha que o direito apenas deve reflectir a moral vigente numa sociedade, diga que uma lei que foi maioritariamente votada apenas cinco anos atrás num referendo democrático, que essa lei "não corresponde à moral vigente".


No blog: Timshel


5.11.06

Como somos antes de nascer?


.


"Vida no Ventre" um documentário da National Geographic.

Sigam o link que aqui disponibilizo o princípio da vida !

Visitem esta página antes de irem votar no referendo, divulguem !enfim, coisas da vida ...

No blog: Sobre a vida

4.11.06

sondagem_ " Quais as razões que impedem o aumento das vocações sacerdotais?”

Passados que vão mais de 40 dias da última sondagem e 584 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado direito, no sidebar. A questão era:

Quais as razões que impedem o aumento das vocações sacerdotais?

E os resultados são:

1. Celibato _24%
2. Falta de coragem _20%
3. Fraca formação religiosa _15%
4. Desinteresse religioso _14%
5. Exemplo dos padres _8%
6. Falta de Fé _8%
7. Individualismo e materialismo _4%
8. Desagregação das famílias _3%
9. taxa de fertilidade _3%
10. Diversidade de interesses _2%
_____________________________________________
algumas considerações:

1. Intriga-me ter sido o CELIBATO a primeira escolha. Não que constitua motivo de admiração. Porém, os padres ortodoxos, que podem casar, têm os mesmos problemas que a Igreja Católica no número de vocações sacerdotais. Por outro lado, às vezes parece-me que os nossos cristãos querem padres casados, mas quando conhecem situações de fragilidade afectiva dos mesmos, geralmente não reagem de acordo com esta opinião. Acredito, no entanto, que, para um jovem a quem se coloque a questão vocacional, seja um factor preponderante, porque parece limitar a palavra Amor.
2. Embora todas as respostas possíveis tenham a ver com a questão pessoal de cada um dos candidatos à vocação sacerdotal, reconheço que a vossa segunda escolha seja a que surge naqueles que dão o primeiro passo, isto é, se perguntam acerca da sua vocação. As outras respostas são de um carácter mais geral. Pressuponho que, pelo facto de a FALTA DE CORAGEM ter sido a segunda escolha, houve quem se colocasse na pele de um candidato, e, perante diversas e variadas situações, actuais e inerentes ao sacerdócio de hoje, tivesse imensos receios. Porque será?!
3. A terceira e a quarta opções têm a ver uma com a outra. De facto, tem crescido o DESINTERESSE por tudo aquilo que é RELIGIOSO, ou pelo menos que seja um religioso exigente, e tem diminuído a FORMAÇÃO RELIGIOSA. Ainda há dias uma catequista me contava da sua tristeza quando, perante a pergunta aos seus catequizandos de 8º ano sobre o que era ser cristão, eles lhe haviam respondido que não sabiam.
4. Vem em quinto lugar O EXEMPLO DOS PADRES, que, por ter sido tão votado, depreendo que se tenha como mau. No entanto, prefiro pensar que esta opção vai mais no sentido de se reconhecer nos padres de hoje pessoas que vivem uma vida demasiado apressada, demasiado solitária, demasiado funcionária. Porque será?!
5. Tem o seu quê a sexta opção, a FALTA DE FÉ. Existe uma ligação intrínseca entre esta e a terceira e a quarta. Mas esta pressupõe um total afastamento de Deus, enquanto que as outras duas não necessariamente. Ninguém que não tenha fé, pode dar um passo destes. Porém as pessoas comuns, mesmo não tendo propriamente fé, continuam a recorrer ao sacerdote por diversos motivos, sobretudo sacramentais e de desabafos. Não existe aqui algo estranho?!
6. É engraçado como nas minhas opções, sempre esteve claro que o INDIVIDUALISMO, o MATERIALISMO e a DESAGREGAÇÃO DAS FAMÍLIAS, constituíam factores importantes para impedir o aumento das vocações. São questões de base, e na minha humilde opinião, o problema reside sobretudo aqui, na base. Não acham que tenho alguma razão?!
7. Embora seja de pouca importância, por motivos proporcionais em relação a outras épocas, o que aconteceu também na vossa escolha, não podemos esquecer que diminuiu a TAXA DE FERTILIDADE. Hoje existem menos crianças, menos jovens. Se não os há…
8. Hoje os jovens são confrontados com muitos INTERESSES, com muitas propostas, e, a maior parte, bem mais agradáveis ou prazenteiras, que uma vocação ao sacerdócio. Antigamente não haviam tantas oportunidades ou interesses. Porém, se esta questão vocacional não é colocada por eles, o problema, como provaram os votos, não se prende com isto. Quem se deixa apaixonar por Cristo, não se deixa ofuscar por nada que não seja o Seu Amor.
9. Termino com algumas ideias, para mim, fundamentais:
- Ninguém pode ser sacerdote ou sequer seminarista, se não se deixar apaixonar por Cristo
- Ninguém ama aquilo que não conhece;
- Como em todas as relações de amor, nem tudo são rosas…
Vale a pena pensar nisto!


No blog: Confessionário dum padre

3.11.06

Será que o mal existe?


Aqui fica um PPS que me enviaram há dias, decomposto dos vários slides em que é composto. (caso queiram digam que mando por email)


Alemanha
Inicio do século 20

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim...


…desafiou seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?"


Um aluno respondeu valentemente:
Sim, Ele criou…


Deus criou tudo?
Perguntou novamente o professor.
Sim senhor, respondeu o jovem.


O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?"


O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito.


Outro estudante levantou a mão e disse:
Posso fazer uma pergunta, professor?
Lógico, foi a resposta do professor.


O jovem ficou de pé e perguntou: professor, o frio existe?
Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?


O rapaz respondeu:" De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objecto é susceptível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia.


O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor"


E, existe a escuridão?
Continuou o estudante.
O professor respondeu: Existe.


O estudante respondeu:
Novamente comete um erro, senhor,
a escuridão também não existe.
A escuridão na realidade é a ausência de luz.


“A luz pode-se estudar,
a escuridão não!
Até existe o prisma de Nichols
para decompor a luz branca nas
várias cores de que está composta,
com suas diferentes longitudes de ondas.
A escuridão não!


Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz.
Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?
Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente”


Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
Senhor, o mal existe?


O professor respondeu: Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal.


E o estudante respondeu:
O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus.


Deus não criou o mal.
Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz.
O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações.
É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.


Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça
permanecendo calado…


Imediatamente o diretor
dirigiu-se àquele jovem e perguntou
qual era seu nome?


E ele respondeu:
ALBERT EINSTEIN.


No blog: Confessio XXI

2.11.06

As mais giras


Comentário tardio do meu filho Tomás, sobre ainda o debate do aborto, no Prós e Contras: na plateia, as mais giras e arranjadas são contra o aborto, e as feiosas e desmazeladas a favor. Até a actriz que foi apoiar estas últimas deve ser a mais feia do teatro português

Também já tinha reparado. Em estética feminina, e salvo casos contados, os partidos de direita sempre ganharam aos da esquerda. Mas as pró-abortistas, sobretudo as que acham que o assunto de um aborto é um problema exclusivo das mulheres, ainda ficam mais horríveis.

Eu cá continuo a favor da despenalização do aborto, mas contra a liberalização, ou o seu uso como método anticoncepcional - ainda por cima com estímulo do Estado, que só corta nas verdadeiras doenças. Zita Seabra estava com uma posição muito sensata - apesar de quererem fazê-la parecer reaccionária. Se tivesse ido à plateia do Prós e Contras, definitivamente não quereria ficar do lado abortista.


No blog: Prazeres ao sol

Gostei muito de o ver, senhor padre


Eram para aí umas dez horas. Depois do café da manhã, apeteceu-me, sem explicação, visitar o sacrário. Há dias assim. Poucos, mas há. Nem estava sorumbático. Deu-me. Eu até penso que devia dar muitas mais vezes aos padres. Bem lembro o significado do meu padre lá da paróquia, ainda era eu gaiato, ao entrar na Igreja para passar uns minutos. Um significado de amor profundo a Deus. Um homem de Deus. Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz mas não o que ele faz. Reconheço. Mas aquele dia foi diferente. A porta estava entreaberta. Lá dentro um vulto. Não me assustei, apesar da Igreja ter o seu quê de escuro. Ajoelhei e sentei juntinho ao sacrário. O vulto continuou como se nada fosse.

Foram apenas uns minutinhos a minha conversa com Ele. Justifiquei que a maior parte das palavras haviam ficado nas entrelinhas. Rezei duas vezes aquela oração que, após a ter aprendido, rezo todos os dias. Desde pequeno. Ó Jesus, tu és meu amigo, ajuda-me a dizer sempre sim, como aqueles homens pescadores que foram contigo, deixaram os barcos, e confiaram em Ti para sempre. Ajuda-me a conhecer-Te melhor, a não ter vergonha de falar de Ti aos outros, e a ir contigo se Tu quiseres.


Levantei-me e dirigi-me para a porta, ainda entreaberta. Batem-me no ombro. Era o vulto, agora reconhecido pelo xaile e pela tez. Bom dia senhor padre. Gostei muito de o ver. Sorri. Ainda não tinha chegado a casa e já eu descortinara algumas das razões daquele cumprimento. Podia ter sido apenas um gesto de quem gosta de ver o amigo. Mas eu pensei no meu pároco, no significado das suas visitas ao sacrário. Ia preparar a homilia para Domingo quando sentei ao computador. Há gestos que pregam mais que mil homilias.


No blog: Confessionário de um padre

1.11.06

O papel das emoções


As opiniões sobre o aborto, de um e outro lado, assumem muitas vezes um carácter marcadamente emocional. Partem de emoções e/ou pretendem suscitar emoções.


Os defensores de um debate mais racional, tendem a afastar-se deste tipo de argumentação, centrando a discussäo em questões de princípio bioéticas, jurídicas ou filosóficas.

No entanto, se há momento em que as emoções jogam um papel decisivo, é quando uma mulher tem de tomar esta decisão terrível, perante o facto consumado de uma gravidez: abortar ou não abortar.
E perante o Referendo, no momento de votar SIM ou NÃO, a perspectiva emocional de abordagem do problema é também decisiva.Convém, portanto, não menorizar a componente emocional, quer no contexto da decisão de interromper ou não a gravidez, quer na adesão a um ou outro sentido de voto na próxima consulta popular.Por agora, centremo-nos neste segundo aspecto.

A emoção, como a raíz do termo indica, é o que "nos move para". As emoções são, portanto, a matéria prima da motivação e é esta que leva à acção. Podemos, assim, dizer que a emoção é um ingrediente primário e fundamental da acção. Em que é que isto se relaciona com o presente debate?


Boa parte da argumentação em favor do SIM pretende, directa ou indirectamente, criar uma empatia com a figura da mulher envolvida. Desde a referência às consequências do aborto clandestino, até à inquietante injustiça de ver a mulher que abortou sujeita a uma pena de prisão, todo o discurso apela a uma empatia com a mulher. E, claro, quem não se comove diante do sofrimento humano, sobretudo se contextualizado num quadro de pobreza, marginalidade e impotência?


Do outro lado, muitos dos que defendem o NÃO, procuram centrar essa empatia no ser gerado. Daí a importância dada a fotografias de fetos onde se descortine já, com nitidez, a forma humana; o recurso a termos como bébé, criança, pessoa, que escapem à frieza científica das células, zigotos e embriões, bem como um permanente apelo aos nobres sentimentos de carinho, simpatia, ternura e cuidado pelo mais fraco e desprotegido.


Uns e outros sabem, mesmo que inconscientemente, que o sentido de voto se inclinará para o lado onde se centrar empatia de cada um.Neste campo, os defensores do SIM têm uma vantagem nada desprezível: podem apresentar uma mulher concreta, que se pode exprimir e que é protagonista de relações emocionais; que ama e é amada; que pode ser conhecida e com a qual se pode estabelecer uma relação empática. Que se pode olhar nos olhos e perceber o que sente, precisa e deseja.A desvantagem dos defensores do NÃO é o facto de o embrião ser ainda um "ser oculto", sem laços estabelecidos, com o qual é mais difícil criar empatia. Ainda não se pode olhar nos olhos para se perceber, emocionalmente, como pessoa.


Apetece aqui invocar Levinas, sobre a importância fundamental deste "olhar nos olhos do outro" para se descobrir, diante de nós, uma pessoa inteira, digna de respeito e possuidora dos mesmos direitos.
Mas a verdade é que essa pessoa está lá. E é, além disso, o elemento mais frágil; digno, portanto, não só da nossa empatia, como do nosso instinto/dever protector.


No blog: Razões do Não

Na Festa de Todos os Santos

A intercessão dos santos
Esta é uma festa muito antiga. Ela já se celebrava no século VIII. Para que eles nos servissem de exemplo e intercedessem por nós.
Mas podem os santos, os que já estão no Céu, interceder por nós? A maior parte dos protestantes e evangélicos não aceita que eles possam fazer alguma coisa em nosso favor junto de Deus. Contrariamente ao que ensinavam os Mestres do princípio da Igreja e ainda hoje é a fé dos católicos e ortodoxos.

Haverá incompatibilidade entre esta doutrina e o que ensina a Bíblia?

Vejamos pois se a Bíblia nos diz alguma coisa sobre a oração dos que já estão no Céu.No último livro da Sagrada Escritura – o Apocalipse – pode ler-se:
"Quando o Cordeiro quebrou o quinto selo, vi debaixo do altar aqueles que tinham sido mortos por terem proclamado a palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem castigar os habitantes da terra que nos mataram? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros e irmãos que como eles iriam ser mortos." (Ap 6,9-11).

No trecho acima, os santos estão a pedir a Deus que faça Justiça. Alguém poderia dizer: "Mas eles estão intercedendo por eles mesmos e não pelos que ficaram na terra"! Ora, e o que impede que o façam pelos que estão na terra? São Paulo não recomenda que rezemos uns pelos outros? (cf. 1Tm 2,1).
Por alguma razão seriam os santos incapazes de continuar a orar pelos que estão na terra? Poderá alguém pensar que por os santos estarem já na presença de Deus estão impedidos de interceder pelas outras pessoas que ainda estão na terra?
Vejamos também:
"Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma harpa e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos" (Ap 5,8). "O fumo dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus." (Ap 8,4).
Nos versículos acima, os santos rezam a Deus. Por que estariam orando, já que estão salvos e gozando da presença do Senhor? Oram em nosso favor, para que os que estão na terra também possam um dia estar com eles na presença do Senhor.Podíamos transcrever outras frases bíblicas mas creio que estas confirmam a verdade de que os salvos podem pedir por nós.

Vejamos agora o que a este respeito ensinou a primitiva Igreja:
"O Pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e as almas dos justos também se unem a eles na oração"
(Orígenes, 185-254 d.C. No tratado sobre a Oração).
"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossa orações pelos irmãos" (Cipriano de Cartago, 200-258 d.C. Epístola 57)
"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a protecção dos santos". (Santo Hilário de Poitiers, 310-367 d.C).
"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas." (SãoCirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. nas Catequeses Mistagógicas).
"Em seguida (na Oração Eucarística), mencionamos os que já partiram: primeiro os patricarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e intercessões, receba nossa oração" (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas).
"Se os Apóstolos e Mártires, enquanto estavam no seu corpo mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, já podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora os que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (São Jerónimo, 340-420 d.C, Adv. Vigil. 6).
"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão das nossas faltas (1Jo 5,16; Tg 5,14-15) ou ainda a misericórdia e a fé" (São João Cassiano. 360-435 d.C. conferência 20).


No blog: Ver para crer